Quinta-feira, 09 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de janeiro de 2025
O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que é o principal favorito para assumir a presidência da Câmara dos Deputados a partir de fevereiro de 2025, começará seu mandato com um grande desafio político: a pressão crescente sobre a questão da anistia aos condenados pelos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023. O movimento bolsonarista, com apoio de alguns setores do Congresso, deve aproveitar a cerimônia organizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa quarta-feira (8), para reavivar a defesa do projeto de lei que propõe o perdão para os invasores das sedes dos Três Poderes. Esse movimento pode colocar Motta em uma posição delicada, uma vez que a discussão sobre a anistia continua a dividir a base política no Legislativo.
A cerimônia no Palácio do Planalto, que marcou os dois anos dos ataques de 8 de Janeiro, foi vista por muitos integrantes do Congresso como uma tentativa do governo de politizar o episódio, o que pode intensificar as divisões internas sobre o tema.
Em 2024, quando o aniversário de um ano dos ataques também foi lembrado, Lula organizou um evento em defesa da democracia no Congresso, mas naquele momento o debate sobre a politização do ato foi ofuscado pela realização do evento no próprio Legislativo.
Nos bastidores, Hugo Motta tem se mostrado cauteloso em relação ao futuro do projeto da anistia, sem indicar se tomará uma posição a favor ou contra o avanço da proposta. Em conversas com aliados, ele tem evitado se comprometer com qualquer um dos lados, o que reflete a delicadeza política da questão.
A questão da anistia já avançou no ano passado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, presidida pela bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC), mas a votação foi suspensa quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu transferir a proposta para uma comissão especial, o que acabou desacelerando a tramitação do projeto. A decisão de Lira foi tomada com o objetivo de não prejudicar a candidatura de Motta à presidência da Casa, que contava com o apoio tanto do PT de Lula quanto do PL de Bolsonaro.
Lira, em particular, chegou a prometer que resolveria a questão da anistia ainda durante o seu mandato, mas essa promessa não foi cumprida. Em conversas com interlocutores, Lira tem reiterado que o assunto não está “enterrado” e que, eventualmente, poderá ser retomado. Motta, por sua vez, tem evitado se comprometer publicamente com qualquer um dos lados da discussão. (Estadão Conteúdo)