Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2019
Auxiliares de Bolsonaro dizem que o mandatário decidiu emitir sinais de paz ao novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, depois que ele mandou recados pedindo trégua.
Um dos gestos mais relevantes, aos olhos de Bolsonaro, foi um acordo, feito por Fernández com Lula, para que o petista não participasse da posse. Aliados do ex-presidente dizem que eles concordaram que a ida poderia irritar ainda mais Bolsonaro.
Depois de fazer uma série de críticas ao presidente argentino, Jair Bolsonaro disse na última semana estar à disposição caso seu contraparte queira visitar o Brasil.
“Se ele quiser nos visitar, estou à disposição. Está convidado, se quiser visitar o Brasil, será motivo de satisfação”, afirmou Bolsonaro ao chegar ao Palácio da Alvorada no início da noite.
Questionado sobre a relação com o país vizinho, Bolsonaro disse esperar que o novo presidente argentino mude de ideia sobre declarações do passado, como a de rever o acordo do Mercosul com a União Europeia.
“Temos a questão do gás, do trigo, o maior comércio da América do Sul é com a Argentina e interessa para nós dois. No passado, ele falou em rever acordo do Mercosul com a União Europeia, agora ele já fala de forma diferente. As pessoas mudam e espero que ele mude”, disse.
Aliado do ex-presidente da Argentina Maurício Macri, que deixou o cargo no último dia 10, Bolsonaro é crítico da eleição de Fernández, que tem como sua vice a ex-presidente Cristina Kirchner. Os dois são aliados do ex-presidente Lula.
Entretanto, na visão do presidente brasileiro, a sinalização dada pelos argentinos em relação a seu governo foi positiva. “A sinalização foi excelente. Eu não sou o radical que vocês acham eu que sou”, disse.
Pela manhã, Bolsonaro usou informação equivocada ao criticar a formação da equipe ministerial do novo presidente da Argentina.
Em discurso na Confederação Nacional da Indústria (CNI), ele lamentou que o novo chefe do Ministério da Defesa do país vizinho fosse um general de brigada, posto que não está no topo da hierarquia militar.
O nomeado por Fernández, Agustín Rossi, no entanto, é um engenheiro civil peronista que já ocupou o mesmo posto entre 2013 e 2015, durante a gestão de Cristina Kirchner.
“Peço a Deus que tudo dê certo na Argentina. Se bem que lamento a escolha do ministro da Defesa, um general de brigada. Tem que ser um general de Exército, ou um almirante de esquadra, ou um tenente-brigadeiro do ar, ou até um civil, que seja”, disse Bolsonaro.
O presidente, que era contrário à eleição de Fernández e não compareceu à posse, afirmou esperar que a Argentina dê certo, ressaltando que o país é o maior parceiro comercial do Brasil na América do Sul.
“O Brasil foi o único país citado no discurso do presidente Fernández e estamos prontos a implementar o mais rápido possível o nosso acordo com a União Europeia. A Argentina tem muito nos oferecer, o Brasil tem muito a oferecer à Argentina também”, disse.