Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2019
Ao criticar a imprensa brasileira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o jornal Valor Econômico “vai fechar”. O motivo, segundo o presidente, é o fim da obrigatoriedade de empresas de capital aberto publicarem seus balanços em jornais, previsto em medida provisória editada pelo governo federal no início deste mês.
O comentário de Bolsonaro foi feito durante café da manhã com representantes de emissoras de rádio e televisão no Palácio do Planalto, na quinta-feira (22). “Sabe o que eu posso fazer? Chamo o presidente da Petrobras aqui e digo: ‘Vem cá, [Roberto] Castello Branco. Você vai mostrar seu balancete este ano no jornal O Globo'”, declarou o presidente, acrescentando que, mesmo que isso custasse R$ 10 milhões, poderia determinar.
“Posso fazer ou não? Vinte páginas de jornais para isso [publicação de balanços]. E o jornal Valor Econômico, que é da Globo, vai fechar. Não devia falar? Não devia falar, mas qual é o problema? Será que eu vou ser um presidente politicamente correto? Uai. É isso daí aqui no Brasil”, afirmou Bolsonaro durante o encontro.
A medida provisória permite a empresas com ações em Bolsa a publicação de seus balanços no site da Comissão de Valores Mobiliários ou no Diário Oficial gratuitamente. Ao anunciar a medida, no dia 6 de agosto, Bolsonaro afirmou que era uma “retribuição” ao tratamento que recebeu da imprensa. Uma lei sancionada pelo próprio presidente em abril previa que os balanços fossem publicados de forma resumida nos jornais a partir de 2022.
“Há uma briga com a mídia tradicional, com a grande mídia, na questão de deturpar informações”, disse o presidente no encontro. Mais cedo, Bolsonaro falou sobra a medida provisória durante conversa com jornalistas. “Tirei de vocês R$ 1,2 bilhão com publicação de balancetes. Não é maldade. É bondade e Justiça com os empresários, que não aguentam pagar isso para publicar páginas e páginas que ninguém lê. Então, publica no site oficial, CVM, a custo zero”, disse.
O presidente afirmou ainda que a imprensa está acabando como acabou a profissão de datilógrafo. “Já estamos ajudando assim a não ter desmatamento porque papel vem de árvore. Estamos em uma nova era. Assim como acabou no passado o datilógrafo, a imprensa está acabando também. Não é só por questão de poder aquisitivo do povo que não está bom. É porque não se acha a verdade ali”, declarou.