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Política Após virar réu, Bolsonaro diz que acusação de golpe é “infundada” e repete ataques a urnas

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Bolsonaro afirmou que, enquanto presidente, pediu a desmobilização de movimentos que pediam intervenção militar

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Bolsonaro afirmou que, enquanto presidente, pediu a desmobilização de movimentos que pediam intervenção militar. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O ex-presidente Jair Bolsonaro negou nessa quarta-feira (26) que tenha participado de uma tentativa de golpe de Estado. Ele disse também que as acusações contra ele são “graves e infundadas”.

Bolsonaro deu as declarações instantes depois de se tornar réu, no Supremo Tribunal Federal (STF), por tentativa de golpe. A Primeira Turma da Corte, por unanimidade, decidiu aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente e mais sete aliados, o chamado “núcleo crucial” da trama golpista.

“Eu espero hoje botar um ponto final nisso aí. Parece que tem algo pessoal contra mim. A acusação é muito grave, e são infundadas. E não é da boca para fora”, afirmou Bolsonaro.

Em declaração à imprensa, ele afirmou que, enquanto presidente, pediu a desmobilização de movimentos que pediam intervenção militar no país e que colaborou com a transição do governo dele para o de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Golpe tem povo, mas tem tropa, tem armas e tem liderança. Um ano, dois anos de investigação, não descobriram quem porventura seria esse líder”, declarou Bolsonaro.

O ex-presidente lembrou o pronunciamento que fez no Palácio da Alvorada no dia 2 de novembro, logo após ter sido derrotado por Lula na eleição presidencial de 2022.

Ele afirmou que, na ocasião, disse que manifestações pacíficas eram bem-vindas e que atos não podiam resultar em invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.

“Ato contínuo, começamos a transição. Alguns dias depois desse pronunciamento, os caminhoneiros começaram a obstruir vias pelo Brasil. Eu fiz um vídeo pedindo que eles desmobilizassem. Não tinha intenção nenhuma em parar o Brasil, criar um caos ou estava pensando em outra coisa”, disse.

Na sequência afirmou que, durante a transição governamental, reuniu-se com José Múcio Monteiro, que havia sido escolhido por Lula para assumir o Ministério da Defesa. E que Múcio pediu “um apoio” a ele.

“Ele [Múcio] foi pedir um apoio para mim, para que tivesse mais acesso aos respectivos ministérios. No dia seguinte, foi atendido em tudo. Voltou, depois, a entrar em contato conosco e pediu que eu nomeasse os comandantes militares indicados pelo presidente eleito, Lula da Silva. Foi o que eu fiz. Em dezembro, nomeamos dois comandantes. O outro saiu mais no final. Atendi ao presidente Lula. Se tivesse qualquer ideia de força, não deixaria os comandantes do Lula assumirem”, afirmou.

No entanto, a acusação da PGR aponta que Bolsonaro não tomou ações para tirar acampamentos golpistas da frente dos quartéis do Exército país afora.

A acusação também diz que, durante o período da transição para o governo Lula, Bolsonaro manteve reuniões com assessores e militares para tramar o golpe de Estado.

Bolsonaro afirmou que não compareceu ao STF nesta quarta porque “sabia o que ia acontecer” e disse que parece que há algo “pessoal” contra ele. Ele acompanhou a transmissão no gabinete do filho senador, Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Na terça, primeiro dia de julgamento, ele foi à reunião da Primeira Turma.

“Ontem [terça], eu fui ao Supremo. A decisão foi na última hora, vocês se surpreenderam. Hoje [quarta], resolvi não ir. Motivo: obviamente, eu sabia o que ia acontecer”, disse.

No pronunciamento que fez nesta quarta, Bolsonaro voltou a levantar suspeitas infundadas e a fazer acusações já desmentidas contra as urnas eletrônicas.

“Não sou obrigado a confiar, a acreditar no programador [das urnas]. Confio na máquina, não sou obrigado a confiar no programador”, disse.

Na declaração que fez à imprensa, Bolsonaro comentou sobre a “minuta do golpe”, um documento encontrado durante as investigações que previa intervenção das Forças Armadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O ex-presidente disse que não assinou a minuta e que teria que convocar os conselhos da República e da Defesa para dar andamento à ideia. As informações são do portal de notícias g1.

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