Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de maio de 2020
Durante a reunião ministerial do dia 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de “bosta” e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) de “estrume”, conforme vídeo divulgado nesta sexta-feira (22) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello.
O material integra o inquérito que investiga suposta interferência do presidente da República na Polícia Federal, após denúncias do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.
Neste trecho, Bolsonaro diz: “Que os caras querem é a nossa hemorroida! É a nossa liberdade! Isso é uma verdade. O que esses caras fizeram com o vírus, esse bosta desse governador de São Paulo, esse estrume do Rio de Janeiro, entre outros, é exatamente isso. Aproveitaram o vírus, tá um bosta de um prefeito lá de Manaus agora, abrindo covas coletivas. Um bosta. Que quem não conhece a história dele, procura conhecer, que eu conheci dentro da Câmara, com ele do meu lado! Né?”, de acordo com o vídeo.
O presidente também faz menção e chama o prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio Neto (PSDB), de “bosta” por ter aberto covas coletivas para o enterro de vítimas da Covid-19 na capital amazonense. “nós sabemos o … o que, a ideologia dele e o que ele prega. E que ele sempre foi. O que a … tá aproveitando agora, um clima desse, pra levar o terror no Brasil. Né? Então, pessoal, por favor, se preocupe que o de há mais importante, mais importante que a vida de cada um de vocês, que é a sua liberdade. Que homem preso não vale porra nenhuma.”
Respostas
Após a divulgação do vídeo, o governador de São Paulo, João Doria, respondeu às ofensas de Bolsonaro:
“O Brasil está atônito com o nível da reunião ministerial. Palavrões, ofensas e ataques a governadores, prefeitos, parlamentares e ministros do Supremo, demonstram descaso com a democracia, desprezo pela nação e agressões à institucionalidade da Presidência da República.”
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, se manifestou em rede social:
“A falta de respeito de Bolsonaro pelos poderes atinge a honra de todos. Sinto na pele seu desapreço pela independência dos poderes. E espero que num futuro breve o povo brasileiro entenda que, do que ele me chama, é essencialmente como ele [Bolsonaro] próprio se vê.”
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, se manifestou após o vídeo com xingamentos direcionados a ele. Em nota oficial, ele diz:
“Os insultos do presidente Bolsonaro, dirigidos a mim e a outros homens públicos, representam um verdadeiro ‘strip-tease moral’ feito por quem não tem a mais mínima condição de governar o Brasil.
Transforma a solenidade de uma reunião de Ministério em uma conversa de malandros de esquina. Quebra a liturgia do cargo. Vulgariza a instituição que deveria saber honrar. Exibe despreparo e me põe a questionar todos os presentes: como um ministro pode, sem se desmoralizar, conviver com uma pessoa dessa baixa extração? Que tempos! Que costumes.
Nosso povo merece acatamento e não a submissão a uma liderança do submundo das “rachadinhas” e das milícias, do submundo da ditadura e das torturas.
O presidente da República, em seu criminoso boicote ao isolamento social, em seu desprezo aos indígenas, em seu apreço a garimpeiros que poluem rios, sonegam impostos e invadem áreas indígenas, é claramente cúmplice de tantas mortes causadas pelo Covid 19. Trata-se de um ser despreparado, inculto e deseducado.
Não gosta de mim? Que bom. Sinal de que estou no lado certo da vida. Também não gosto da ditadura que já nos massacrou e que ele gostaria de reviver. Daqui a pouco mais de dois anos, o país estará livre de tão diminuta e mesquinha figura.”