Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de outubro de 2023
A PF intimou o ex-presidente para prestar esclarecimentos no inquérito que investiga um grupo de empresários que defendiam golpe de Estado.
Foto: Valter Campanato/Agência BrasilO ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu, na tarde dessa quarta-feira (18), à sede da Polícia Federal (PF), em Brasília. Entretanto, o ex-chefe do Executivo não prestou o depoimento que estava previsto.
A PF intimou o ex-presidente para prestar esclarecimentos no inquérito que investiga um grupo de empresários que defendiam golpe de Estado e ruptura democrática em mensagens disseminadas em redes sociais.
No celular de um desses empresários, a Polícia Federal encontrou uma mensagem enviada em junho do ano passado pelo contato “PR Bolsonaro 8” com teor golpista. Em entrevista a jornalistas em frente à sede da PF, Bolsonaro disse que os advogados dele decidiram apresentar razões de defesa por escrito, informando que ele vai exercer o direito ao silêncio.
“A minha presença aqui hoje é em função do inquérito, foi conhecido como dos empresários. Ok? Fui incluído nele depois de vários meses, tendo em vista a mensagem que eu tinha passado, em especial, para Meyer Nigri, que é empresário em São Paulo, que eu conheço desde antes das eleições de 2018”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro foi intimado a depor no inquérito dos empresários no dia 22 de agosto deste ano. No dia seguinte, admitiu ter enviado a mensagem de tom golpista ao empresário Meyer Negri, da Tecnisa.
“Mandei para o Meyer. Qual o problema?”, disse, segundo divulgado pela “Folha de S. Paulo”. A mensagem de junho de 2022 atacava, sem provas, o sistema eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral, o STF e o instituto de pesquisas Datafolha.
Nesta quarta, o ex-presidente disse também que as mensagens divulgadas a empresários eram “de cunho pessoal e privadas”. Ele reconheceu que enviou mensagens em um grupo privado, mas voltou a negar qualquer teor golpista nas mensagens compartilhadas.
“As mensagens que eu passei, grande parte eram da própria imprensa. E a opção dos advogados [hoje] é entregar as razões de defesa por escrito, continuar batendo na tecla da competência, que não é do Supremo nesse caso. Advogados entendem que é primeira instância. E sempre estivemos prontos para colaborar”, acrescentou.
Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação que também é advogado do ex-presidente, declarou que nenhuma mensagem “tinha juízo de valor”.
“Portanto, é injustificável considerar que um grupo de WhatsApp, que tenha trocado mensagens privadas contendo ideias e pensamentos, possa ser enquadrado em uma narrativa de organização criminosa sem que tenhamos qualquer conduta concreta”, diz a petição dos advogados.
Bolsonaro foi questionado sobre o conteúdo do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos do 8 de janeiro. O parecer apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu o indiciamento, por tentativa de golpe de Estado, do ex-presidente e mais 60 pessoas, incluindo ex-auxiliares diretos de Bolsonaro e generais das Forças Armadas.
“Completamente parcial [o relatório]. A funcionária de Flávio Dino [ministro da Justiça] recebeu aquilo já pronto e entregou. Por que não me convocou, se tem maioria na comissão? Me indiciam sem convocar”, criticou Bolsonaro.