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Bolsonaro continuará na política

Bolsonaro deixou o Brasil para ficar, no mínimo, um mês fora. (Foto: Isac Nóbrega/PR)

Horas antes de fazer o esperado pronunciamento após a derrota nas eleições presidenciais no último domingo (30), Jair Bolsonaro combinou com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, seu futuro. Ele deve continuar na política, fazendo oposição a Lula, e ganhará um cargo no partido como forma de manter uma estrutura para seguir atuando com os recursos do PL.

No PL, Bolsonaro atuará como consultor. Ele deverá ter um escritório político, a partir do qual vai organizar uma oposição ao governo Lula. Valdemar estuda ceder uma sala em um conjunto de edifícios na parte central de Brasília para servir de base para o presidente.

Valdemar espera, com isso, usufruir da influência de Bolsonaro na eleição de 2024 e deixar aberta a possibilidade de ele voltar a concorrer em 2026.

Também pesa para Bolsonaro ficar em Brasília a proximidade com seus filhos Flávio Bolsonaro, senador, e Eduardo Bolsonaro, deputado, que continuarão morando na capital federal.

Segundo relato, Bolsonaro fez outras exigências ao cacique do PL. Pediu que o partido banque uma mansão no Lago Sul para ele morar com sua mulher e filha, além de despesas com advogados em processos aos quais o atual presidente responderá quando deixar o cargo. Valdemar disse sim.

O avanço da negociação com o PL em torno desse cargo contribuiu para Bolsonaro ter feito, na última terça-feira (1º), dois dias após a eleição, o pronunciamento em que sinalizou o início da transição de governo e garantiu cumprir a Constituição.

A derrota de Bolsonaro para Lula (PT) no segundo turno foi a primeira vez que o atual presidente perdeu uma eleição na vida. Desde 1988, ele vinha conseguindo se eleger para os mandatos que disputou. 2023 será o primeiro ano em mais de três décadas em que Bolsonaro não terá mandato.

O fato de Bolsonaro perder o foro privilegiado foi um dos principais motivos para ele buscar o cargo no PL. O presidente busca contar também com o corpo de advogados do partido.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, não participou do pronunciamento do presidente na terça, no Palácio da Alvorada. Ele decidiu ir para casa, em São Paulo, para tirar uns dias de descanso.

Faixa

Assessores de Bolsonaro já começaram a discutir a entrega da faixa presidencial. O ato é um dos momentos mais fortes da posse presidencial, no dia 1º de janeiro, que acontece no parlatório do Palácio do Planalto, geralmente na frente de uma multidão que acompanha o momento na Praça dos Três Poderes.

Na terça, um assessor presidencial chegou a sugerir a parlamentares de partidos de centro, no Palácio do Planalto, que a entrega da faixa poderia se dar dentro do Planalto, sem que fosse acompanhada pelas câmeras e pela multidão — de modo que Bolsonaro não aparecesse para seus apoiadores mais radicais como alguém que tenha aceitado a regra do jogo pacificamente.

Essa ideia foi logo questionada pelos parlamentares, que disseram que Lula (PT) não aceitaria o ato. Outra ideia foi levantada: a de que a faixa poderia ser passada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul.

A proposta foi vista como a mais factível, já que o próprio Mourão deu declarações favoráveis à transição democrática e chegou a telefonar para o vice de Lula, Geraldo Alckmin, convidando-o a conhecer a residência oficial da vice-presidência, o Palácio do Jaburu.

Questionado sobre a passagem de faixa, Mourão disse ter “quase certeza” de que Bolsonaro irá passar a faixa para Lula.

No Palácio da Alvorada, ainda no campo das possibilidades para o dia 1º de janeiro, fontes afirmam que Bolsonaro cogita sair do País ou pelo menos viajar para fora de Brasília, para não ter que cumprir o ritual.

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