O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) presta depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (26) sobre os atos extremistas que depredaram a sede dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. O inquérito foi instaurado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A oitiva está prevista para começar às 14h, em Brasília.
No dia 14 de abril, o ministro atendeu ao pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), que solicitava a intimação de Bolsonaro, afirmando o ex-chefe do Planalto publicou um vídeo, sem provas, afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi eleito, mas, sim, “escolhido por ministros do STF e Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”. A postagem foi apagada pouco tempo depois.
Na representação feita ao Supremo, o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, destaca que Bolsonaro pode ter participação intelectual nos ataques ao questionar o resultado eleitoral. “Não se nega a existência de conexão probatória entre os fatos contidos na representação e o objeto deste inquérito, mais amplo em extensão. Por tal motivo, justifica-se a apuração global dos atos praticados antes e depois de 8 de janeiro de 2023 pelo representado”, escreveu.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a publicação ‘parece configurar uma forma grave de incitação, dirigida a todos seus apoiadores, a crimes de dano, de tentativa de homicídio, e de tentativa violenta de abolição do Estado de Direito’.
Joias
Bolsonaro já compareceu à Polícia Federal neste mês para prestar depoimento, mas em outro inquérito, que apura a suposta prática de crime pelo ex-presidente no caso das joias milionárias que recebeu de presente do governo da Arábia Saudita.
Na ocasião, Bolsonaro afirmou que ficou sabendo da existência das joias sauditas milionárias em dezembro de 2022, mais de um ano após elas terem chegado ao país. Bolsonaro disse ainda que não se lembrava de quem o avisou da apreensão das joias pela Receita Federal.
O vídeo
O ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou em rede social, no dia 11 de abril, uma postagem com uma série de informações falsas e ataques ao sistema eleitoral. A postagem foi apagada cerca de duas horas depois.
No vídeo compartilhado, um procurador do estado de Mato Grosso do Sul divulga teses infundadas e já desmentidas sobre as eleições de outubro. Diz, por exemplo, que o povo brasileiro não tem “poder” sobre o processo de apuração dos votos.
A apuração eleitoral dos votos é pública e já foi detalhada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) diversas vezes. Os boletins de urna foram divulgados na internet e não houve, até o momento, uma única suspeita de fraude detectada.