Na reta final da escolha para o comando da PGR (Procuradoria-Geral da República), a indicação do presidente Jair Bolsonaro deve recair sobre um candidato com perfil mais conservador, após a saída da atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, do páreo, segundo informações do jornal O Globo.
Interlocutores do Palácio do Planalto tem apontado que Bolsonaro ainda não tomou a sua decisão, mas que o subprocurador Augusto Aras continua sendo o mais cotado nos bastidores, seguido pelos subprocuradores Paulo Gonet e Mario Bonsaglia – este o mais votado na lista tríplice formada por votação interna da categoria.
A artilharia iniciada por parlamentares do PSL contra Aras, que incluiu a entrega de um dossiê contra o candidato pela deputada Carla Zambelli (SP) e críticas nas redes sociais, arrefeceu após o fim de semana e não teria sido suficiente para fazer Bolsonaro mudar de ideia, apontam interlocutores.
Como adiou por mais alguns dias a escolha, que deve ser anunciada até sexta-feira (16), Bolsonaro recebeu nesta terça-feira (13) o mais votado da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, Mario Bonsaglia.
Dodge, que denunciou Bolsonaro em 2018 pelo crime de racismo e tomou atitudes recentes que desagradaram ao governo, como barrar a indicação do procurador Ailton Benedito para a Comissão de Mortos e Desaparecidos, já foi descartada da disputa e não tem mais chances de obter uma recondução.
Oficialmente, no entanto, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, diz que todos seguem na disputa, mas reforça que Bolsonaro faz uma análise em um “amplo espectro do Ministério Público”. “Como o presidente vem vocalizando, e não é ilegal o que ele vem vocalizando, a seleção de pessoas em um amplo espectro do Ministério Público para a indicação de procurador-geral. É nesse contexto que ele trabalha, ele não descarta nem assume que estará a escolher da lista ou fora dela. Ele está em um processo de madureza, de conversas e, a partir de que ele tenha percepção correta do que é melhor para o País, ele vai escolher, indicar e vocalizar por meio da imprensa a sociedade brasileira.”
Os três mais cotados, Aras, Gonet e Bonsaglia, atendem a alguns dos requisitos que estão sendo avaliados por Bolsonaro, como ser discreto, sem “estrelismo” e ter um perfil político mais conservador.