O presidente Jair Bolsonaro avisou que não vai pegar em armas para reincluir Estados e municípios nas regras que serão impostas pela reforma da Previdência. Ao contrário. Em reunião com a bancada do Podemos, na última terça-feira (18), ele disse não ver motivos para brigar pelos governadores e avaliou que os mandatários favoráveis a mudanças nas aposentadorias do funcionalismo local devem agir por conta própria –sem se apoiarem no governo federal e no Congresso.
A fala de Bolsonaro vai na contramão da articulação construída pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta engajar governadores na votação da reforma para ampliar o número de deputados a favor da proposta.
O sinal do Planalto também deve frustrar nomes como João Doria (PSDB). O governador de São Paulo está na linha de frente da defesa da reforma e da validade das novas regras para todas as esferas de poder, nacional e local.
Procurado, o líder do Podemos na Câmara, José Nelto (GO), confirmou o discurso de Bolsonaro. “Ele já sabe que com Estados e municípios não aprova. E o presidente está preocupado com a reforma dele”, disse.
No entanto
O secretário especial de Presidência Social do Ministério da Economia, Rogério Marinho, admitiu, no entanto, a possibilidade de os Estados e os municípios serem incluídos na reforma previdenciária em uma emenda a ser apresentada ainda na comissão especial encarregada de analisar o tema no Congresso. Segundo Marinho, a adição desses entes da federação é fruto de um entendimento político com parlamentares da bancada do Nordeste, que votariam a favor da proposta.
“Houve um entendimento político de que os estados e os municípios entrariam na reforma, desde que os estados do Nordeste apresentem votos [a favor] ao texto principal. Entrariam em uma emenda aditiva ou aglutinativa, tanto na comissão como no plenário”, disse o secretário, após participar de um debate sobre a reforma da Previdência, em Brasília, com representantes do setor da construção civil.
Para Rogério Marinho, o texto do relator da reforma, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), será aprovado nesta quinta-feira, pela comissão especial. Com isso, a matéria poderá ser apreciada no plenário da Câmara já na semana que vem ou, no máximo, antes do recesso parlamentar, previsto para o período de 18 a 31 de julho.
“O relator tem feito seu trabalho, ouvindo líderes e mantido sua interlocução conosco. Esperamos que a votação ocorra dentro da comissão até quinta-feira. Esta é a ideia”, disse Marinho.
Ele lembrou que Samuel Moreira, ao tornar público seu relatório, disse que poderia fazer algumas modificações no texto. O secretário elogiou o trabalho do relator. Disse que Moreira está tendo o cuidado de ouvir a todos e levar em consideração as opiniões que possam melhorar e aperfeiçoar a proposta.