Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2019
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista concedida ao jornal “Correio Braziliense” na terça-feira (24), em Nova York (EUA), que não tirou o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), do posto. O senador foi alvo de operação da PF (Polícia Federal) na última quinta (19), suspeito de ter recebido R$ 5,5 milhões em propina desviada de obras públicas .
Bolsonaro disse precisar de “algo mais concreto” que uma busca e apreensão de um processo antigo, que já era conhecido. Esta foi a primeira manifestação pública do presidente sobre o tema. Pouco após a ação da PF, Bezerra Coelho colocou o cargo à disposição.
A operação tem como alvo suspeitas de desvios em obras públicas do Ministério da Integração Nacional, da época em que Bezerra era ministro da pasta no governo Dilma Rousseff (PT), para recebimento de propina por meio de doleiros. Baseia-se em uma delação premiada assinada como desdobramento da Lava-Jato, do doleiro João Lyra. O inquérito apura irregularidades na transposição do Rio São Francisco.
“Eu não tirei o Fernando Bezerra de lá. Quero algo mais concreto. Não posso — com uma busca e apreensão, um processo antigo, e nós sabíamos que tinha esse processo — tirá-lo de lá”, declarou Bolsonaro.
O presidente foi questionado sobre qual seria sua primeira missão na volta para casa, onde chegou na manhã desta quarta. A repórter ofereceu três opções: as reformas previdenciária e tributária e o episódio envolvendo o líder do governo no Senado. Antes de falar sobre Bezerra Coelho, ele comentou que a proposta da Previdência está no Senado, e “parece que passou para a semana que vem”.
“Ele [Bezerra] tem todo o direito de se defender e tem feito, até o presente momento, um brilhante trabalho para nós, dentro do Senado. É uma função ingrata, difícil, dá trabalho conversar com parlamentares dos mais diferentes matizes”, concluiu.
“Doadores ocultos”
A Polícia Federal afirma ter encontrado no gabinete do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), um arquivo denominado “doadores ocultos” em um computador e em um disco de memória.
Segundo informações que estão no relatório da PF, há também documentos digitais que fazem referência a pagamentos destinados a empresas envolvidas na operação Desintegração.
Deflagrada na semana passada, a ação apreendeu ainda dinheiro em espécie — mais de R$ 120 mil.
Bezerra Coelho e seu filho, o deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE), foram alguns dos alvos dos mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Luis Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ao todo, a PF cumpriu 52 mandados no dia 19.
Os relatos foram enviados ao STF no final da tarde de terça, como parte da determinação judicial de Barroso, que pediu justificativas de cada item apreendido.
A polícia, no entanto, ressalta que não fez ainda a análise das mídias coletadas no gabinete da liderança do governo no Senado, “por não haver disponível ferramenta que garanta a integridade dos dados neles constantes”.