Domingo, 30 de março de 2025
Por Redação O Sul | 27 de março de 2025
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) distorceu dados e desviou o foco, como sempre faz, ao tentar se defender pessoalmente da decisão da Primeira Turma de torná-lo réu em ação penal na qual é acusado de golpe de Estado.
Além disso, contradisse seus advogados, ao admitir que discutiu um decreto de Estado de Defesa, mas não falou do seu conteúdo golpista.
Na defesa de Bolsonaro, o advogado Celso Vilardi disse que a minuta do golpe só existia na delação de Mauro Cid.
O ex-presidente admitiu ter discutido com comandantes das Forças Armadas um decreto de um Estado de Defesa ou Sítio. Mas disse que era tudo dentro das quatro linhas e que a ideia não prosperou.
Porém, magistrados lembram que, de propósito, ele não citou o conteúdo do documento, que tinha uma linha golpista, ao decretar intervenção no Tribunal Superior Eleitoral, anular as eleições e convocar novo pleito presidencial. Além de mandar prender o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo avaliação dos ministros do Supremo, ele tenta passar a mensagem de que discutiu um documento “qualquer”.
O objetivo é transformar em “algo normal” a convocação de militares para discutir um texto que previa prisão de ministro do TSE, anulação de eleições e realização de um novo pleito, criando uma comissão comandada por militares para administrar o país no período de uma “transição”.
“Ele tenta transformar um documento golpista em um decreto constitucional. Basta ler a minuta encontrada no celular de Mauro Cid para sabermos que ele distorce os fatos para se defender do julgamento no qual virou réu”, diz um magistrado.
Outro trecho destacado por ministros na fala de Bolsonaro é quando ele diz que, no caso das urnas eletrônicas, defendia apenas o voto impresso.
Ele citou inclusive informações de um período em que havia uma lei prevendo o voto impresso, mas que foi derrubada pelo Supremo.
Segundo magistrados, ele cola informações reais em dados falsos em sua tática de difundir fake news.
“Ele queria forjar uma fraude para anular as eleições, o voto impresso integrava essa estratégia, mas não conseguiu. Agora diz que só defendia o voto impresso”, afirma um magistrado.
Em sua fala, Bolsonaro voltou a falar em fraudes nas eleições de 2018 e 2022, quando o relatório do Ministério da Defesa atestou que não foram encontradas irregularidades no último pleito presidencial.
Interlocutores de ministros do STF lembram que ele já foi obrigado a admitir que não tinha provas para comprovar sua narrativa de que as urnas eletrônicas são passíveis de fraudes.