Terça-feira, 08 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de abril de 2025
O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados estão tentando emplacar a versão de que a manifestação da Avenida Paulista ocorrida no domingo (6) reuniu 1 milhão de apoiadores. O comentário deixa a avaliação dos bolsonaristas muito distante das estatísticas sobre o evento — que apontaram para um número de no máximo 55 mil pessoas.
“Representantes de pelo menos oito partidos. Padres, pastores, líderes de todas as religiões. E mais de 1 milhão de brasileiros, homens e mulheres de bem. Todos unidos na Avenida Paulista pelo mesmo propósito”, disse Bolsonaro nas redes sociais. Na prática, o ex-presidente infla o número real em mais de 20 vezes.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que não esteve no ato porque está residindo nos Estados Unidos, também usou as redes sociais para falar em 1 milhão de manifestantes.
Outros aliados do ex-presidente, antes mesmo das primeiras contagens serem
divulgadas, ironizaram órgãos oficiais e institutos de estatísticas, na tentativa de descredibilizar o número que seria divulgado. É o caso, por exemplo, do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que publicou imagens aéreas da
manifestação com a legenda “doze pessoas, segundo o Datafolha”.
No fim do domingo, um levantamento do Monitor do Debate Político no Meio
Digital do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e da ONG More in Common apontou que a manifestação na Avenida Paulista reuniu cerca de 44.900 pessoas.
Para chegar a esse número, os pesquisadores analisaram várias imagens de drone feitas da manifestação e construíram, com base nisso, uma estimativa da
quantidade de pessoas. A margem de erro é de 5.400 manifestantes, para mais ou para menos.
Projeção feita pelo instituto Datafolha chegou a um número parecido: 55 mil pessoas teriam ido ao ato convocado por Bolsonaro.
A quantidade de pessoas nas ruas era uma das maiores preocupações dos
bolsonaristas para o domingo — havia o receio de que o ato na Paulista
repetisse o fiasco do de Copacabana, que teve 18.300 pessoas. Isso porque, além da pauta da anistia aos presos pelo 8 de Janeiro, o pano de fundo do ato é uma demonstração de força política de Bolsonaro, que tenta se manter no páreo para, em 2026, lançar uma candidatura à Presidência, mesmo que na pendência de recursos judiciais. (Com informações da revista Veja)