Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de abril de 2019
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (30) que é “próxima de zero” a possibilidade de intervenção militar brasileira na Venezuela, em um momento em em que a crise do país vizinho ganha novos contornos com o apelo do líder da oposição Juan Guaidó para que militares o ajudem a derrubar o governo de Nicolás Maduro. “Agora, te digo uma coisa: a hipótese de nós participarmos, de forma mesmo indireta, de uma intervenção armada é muito difícil. Não vou dizer que é zero, mas é próxima de zero. É a nossa tradição não nos envolvermos dessa forma nos conflitos”, disse Bolsonaro em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, da TV Band.
“Não passa pela nossa cabeça ainda qualquer ação militar na Venezuela”, acrescentou Bolsonaro, destacando que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é quem tem todas as opções na mesa. Guaidó fez nesta terça-feira seu apelo mais contundente para que os militares o ajudem a depor Maduro, e a violência irrompeu em protestos antigoverno com a Venezuela atingindo um novo pico de crise depois de anos de caos político e econômico.
Chefe do GSI
Após uma reunião com Jair Bolsonaro e o vice-presidente, Hamilton Mourão, o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, disse que o governo brasileiro tem a “sensação” de que o “lado de Guaidó é fraco militarmente”. “Mas hoje, quando ele anunciou apoio das Forças Armadas, teve um rastro de esperança. Na medida que o tempo vai passando e não acontecem situações que mostrem esse apoio, você começa a duvidar”, acrescentou.
Heleno também definiu o movimento do opositor como “autopropaganda” para “buscar apoio da população”. O governo brasileiro reconhece Guaidó como presidente legítimo da Venezuela, e Bolsonaro chegou a afirmar, em visita aos EUA, que não descartava nenhuma opção, inclusive a militar. Contudo, segundo o chefe do GSI, o Brasil terá uma “postura bastante prudente e cuidadosa”. Já o vice-presidente Hamilton Mourão disse que “não existe possibilidade” de intervenção militar do Brasil no confronto. “Eles [a oposição] foram para o tudo ou nada. Guaidó e [Leopoldo] López foram para uma situação que não tem mais volta, não tem mais recuo. Ou eles são presos, ou Maduro vai embora”, afirmou.
Pelo menos 25 militares venezuelanos de baixa patente desertaram e pediram asilo na Embaixada do Brasil em Caracas. O levante em algumas tropas também levou à libertação do opositor Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar e apareceu ao lado de Guaidó em uma base militar. Maduro, no entanto, disse ter conversado com todos os comandantes do país, que “manifestaram sua total lealdade à pátria”. “Convoco uma máxima mobilização popular para assegurar a vitória da paz”, declarou no Twitter.