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Bolsonaro diz que o filho fica nos Estados Unidos para “combater o nazifascismo” que, segundo ele, avança no Brasil

"(Ele) se afasta para combater algo parecido com o nazifascismo que cada vez mais avança sobre o nosso País", declarou. (Foto: Carolina Antunes/PR/Arquivo)

O ex-presidente Jair Bolsonaro usou um evento judaico para afirmar nessa terça-feira (18), que seu filho Eduardo Bolsonaro decidiu ficar nos Estados Unidos, licenciado do mandato de deputado federal, para “combater o nazifascismo que avança sobre o nosso País”.

A declaração fez referência à decisão de Eduardo, anunciada mais cedo, de se desligar temporariamente do mandato no Congresso Nacional e permanecer nos Estados Unidos, onde está há 20 dias. O deputado, que se diz perseguido pelas autoridades nacionais, afirmou que vai atuar para colocar pressão do governo de Donald Trump sobre o Brasil.

Bolsonaro compareceu à cerimônia de abertura de uma exposição sobre o holocausto realizada às 14h dessa terça, no Espaço Senador Ivandro Cunha Lima. Marcaram presença autoridades, ativistas e representantes de entidades que atuam pela preservação da memória do povo judaico.

“Hoje está sendo um dia marcante para mim. (Com) o afastamento de um filho, que se afasta mais do que por um momento de patriotismo. (Ele) se afasta para combater algo parecido com o nazifascismo que cada vez mais avança sobre o nosso País”, declarou aos presentes, emocionado.

O ex-presidente fez acenos ao seu eleitorado evangélico ao dizer que o “exemplo de Israel está vivo em nossos corações” e que “sempre esteve ao lado de Deus”. Mandou um abraço ao premiê israelense por meio do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, e lembrou o fato de Trump ter cumprimentado o seu filho Eduardo durante uma conferência de extrema direita nos Estados Unidos.

O evento foi organizado com a ajuda da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG). Estiveram ao lado de Bolsonaro sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o filho primogênito Flávio, e parlamentares da oposição.

A comparação do Brasil, governado por um partido de esquerda, com a ideologia de extrema direita que dominou a Alemanha nazista da década de 1930 foi feita também por Eduardo, mais cedo.

Em postagem publicada nas redes sociais, Eduardo afirmou que pediria licença do mandato na Câmara dos Deputados para viver nos Estados Unidos “para buscar sanções aos violadores dos direitos humanos”.

Também disse ser alvo de perseguição, criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e chamou a Polícia Federal de “Gestapo”, polícia secreta da Alemanha nazista.

Minutos após o anúncio, na entrevista ao canal no YouTube, Eduardo afirmou que sua atuação nos Estados Unidos passa por advogar “a favor de eleições limpas e justas” – apesar de o governo Bolsonaro ter se empenhado em detectar qualquer fraude no sistema eleitoral brasileiro e não conseguido encontrar nada.

O mandato será assumido pelo missionário José Olímpio (PL-SP), segundo suplente do partido. Ele foi deputado federal por dois mandatos, entre 2011 até 2019, quando exerceu o cargo pelo PP e, depois, pelo DEM. O regimento da Casa diz que o suplente assume a cadeira após 120 dias de vacância. (Estadão Conteúdo)

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