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Bolsonaro diz que fez um “apelo” a donos de supermercados para controlar os preços de produtos básicos

"Eu não tenho problemas nem com Rodrigo Maia nem com Paulo Guedes. Temos, às vezes, desentendimento, o que é natural", disse o presidente. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar nessa terça-feira (8) que tem “apelado” a donos supermercados para controlar o preço de produtos básicos, entre eles o arroz, produto que vem sofrendo com aumento de preço e pode ser encontrado até 80% mais caro em alguns supermercados.

“Eu tenho apelado para eles. Ninguém vai usar caneta Bic para tabelar nada, não existe tabelamento, mas estou pedido para eles que o lucro desses produtos essenciais no supermercado seja próximo de zero”, comentou.

A declaração foi dada em reunião com médicos defensores do uso da hidroxicloroquina no tratamento precoce do novo coronavírus, apesar de não haver comprovação científica da eficácia do remédio contra a covid-19.

Na sexta-feira passada (4), em Eldorado (SP), o presidente afirmou que está conversando com intermediários e com representantes de grandes redes de supermercados para tentar evitar uma alta maior nos preços dos produtos da cesta básica. Ele disse que estava pedindo “patriotismo” dos empresários para reduzir a margem de lucro.

O preço de produtos como arroz e feijão têm sido motivo de queixas constantes nas redes sociais do presidente, especialmente relacionadas à decisão do governo de reduzir para R$ 300 o auxílio emergencial que será pago até dezembro.

Durante a conversa dessa terça, o presidente criticou medidas de isolamento e disse que, caso os produtores rurais tivessem deixado de trabalhar, faltaria comida hoje no Brasil.

“No começo foi aquela história de ‘fica em casa, a economia a gente vê depois’. Imaginemos se o pessoal do campo tivesse ficado em casa? Hoje não teria… O arroz, sei que tá caro, óleo de soja subiu, sei disso, mas nem teríamos isso para comer. E um povo com fome é um povo que não tem razão”, afirmou.

Bolsonaro afirmou que acredita que a nova safra, no fim do ano, deve reduzir os valores desses itens e que os ministérios da Economia e da Agricultura estão tomando medidas para controlar os preços que “dispararam nos supermercados”. O presidente, no entanto, não mencionou quais medidas seriam essas.

Apesar do apelo de Bolsonaro aos supermercados, eles são apenas a ponta da cadeia, e o aumento de preço vem das etapas anteriores. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), o produto comprado dos produtores pelas indústrias ficou 30% mais caro só em agosto.

Assim como outros produtos da cesta básica, como óleo de soja e feijão, a alta do arroz está ligada à valorização do dólar, que torna as exportações mais lucrativas aos produtores. Além disso, a safra de arroz neste ano caiu, ao mesmo tempo em que a demanda interna pelo produto cresceu durante a pandemia do novo coronavírus.

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