Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de janeiro de 2025
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, na quarta-feira (22), que se pudesse voltar no tempo teria escolhido ministros mais “parrudos” e “casca grossa”, em vez de generais, para os ministérios palacianos no seu governo. Segundo ele, faltou “competência” e “malícia” para “enfrentar o sistema”.
“O sistema tá forte, tá aí (sic). Faltou competência para nós, malícia. Você me pergunta o que eu faria diferente. Os ministros palacianos seriam diferentes. Eu não teria mais alguns nomes, um general ali. Eu não teria mais general ali. Teria ministro mais parrudo, mais casca grossa, para enfrentar o sistema”, disse, em entrevista ao canal bolsonarista Fio Diário.
Os ministérios chamados palacianos são aqueles cuja sede fica dentro do Planalto. São eles a Casa Civil, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Secretaria-Geral e a Secretaria de Governo. As chefias dessas pastas foram ocupadas pelos generais Walter Braga Netto — preso desde dezembro por participação, segundo a Polícia Federal, na trama golpista do fim de 2022 — que comandou a Casa Civil e também foi ministro da Defesa; Augusto Heleno — também suspeito de integrar a trama golpista de 2022 (GSI, de 2019 a 2022) —; Santos Cruz (Secretaria de Governo, 2019); e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo de 2019 a 2021; Casa Civil, 2021; e Secretaria-Geral da Presidência de 2021 a 2023).
A mudança de discurso vem depois de a Polícia Federal indiciar 28 militares por participação em um plano de golpe de Estado no fim de 2022, depois de Bolsonaro perder as eleições para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-chefe do Executivo, também indiciado, é apontado pela PF como o líder da organização criminosa que planejou abolir o Estado Democrático de Direito e impedir que o petista tomasse posse.
Na mesma entrevista, Bolsonaro disse que seria “fácil” dar um golpe em 2022, mas que sua experiência como militar, deputado e presidente lhe dizia que haveria consequências no “day after” (dia seguinte).
“O que eu poderia fazer fora das quatro linhas? Diga. Ponto final. Fazer besteira? É fácil. Eu quero ver o after day (day after), o dia seguinte. (Com) a idade que eu tenho, a experiência que eu tinha de 28 anos de parlamento, 15 de Exército e três na Presidência, a gente sabe o que se pode fazer, a gente sabe das consequências”, afirmou.
Segundo ele, a passagem pela Presidência da República lhe deixou traumas. Nas últimas entrevistas que tem dado a canais bolsonaristas no YouTube, o ex-chefe do Executivo tem repetido que, durante seu mandato, em diversas ocasiões, chorava no gabinete presidencial. Nesta quarta-feira, ele frisou que uma das consequências de ter chegado à Presidência é ter, todos os dias, a sensação de que a Polícia Federal está à sua porta logo pela manhã.
“Eu digo e alguns até reclamam: não é fácil a vida de presidente. (Perguntam) ‘se é tão difícil, por que tu quer ir pra lá?’. Porque eu quero ajudar o meu país. Como é que você acha que eu acordo todo dia? Com a sensação da PF na porta! Qual a acusação? Não interessa”, disse. As informações são do jornal Correio Braziliense.