Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de maio de 2020
Bolsonaro teria afirmado que a família era perseguida e que por isso iria trocar o comando da PF.
Foto: Marcos Corrêa/PRO presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (12) que a gravação da reunião ministerial de 22 de abril deveria ter sido destruída, mas que nela não falou em “Polícia Federal” ou “investigação”.
Bolsonaro abordou o assunto na rampa do Palácio do Planalto, onde conversou com jornalistas, referindo-se ao vídeo mencionado pelo ex-ministro Sérgio Moro como prova de que o presidente da República teria tentado interferir na PF (Polícia Federal). O vídeo foi exibido nesta terça a Moro, à PGR (Procuradoria-Geral da República) e à PF.
No vídeo, Bolsonaro teria afirmado que a família era perseguida e que por isso iria trocar o comando da PF. O presidente também teria usado palavrões e feito ameaças.
Bolsonaro disse que o “vazador” do vídeo está “prestando desserviço”, e a imprensa está divulgando “fake news” sobre o assunto.
O ministro Celso de Mello, abriu inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar a suposta interferência do presidente.
“Em reunião ministerial, sai muita coisa. Agora, não é para ser divulgada. A fita era para ser destruída – após aproveitar imagens para divulgação, ser destruída. Não sei por que não foi. [Inaudível] Poderia ter falado isso [que a fita foi destruída]? Poderia. Mas jamais eu ia faltar com a verdade. Por isso, resolvi entregar a fita. Se eu tivesse falado que foi destruída, iam fazer o quê? Nada. Não tinha o que falar”, afirmou Bolsonaro nesta terça.
“Esse vazador está prestando desserviço. Não existe no vídeo a palavra ‘Polícia Federal’ nem ‘superintendência’. Não existem as palavras ‘superintendente’ nem ‘Polícia Federal'”, disse o presidente.
“O que a mídia tá divulgando agora é um fake news. Um informante, ou vazador, está desinformando”, disse o presidente.
Já prestaram depoimento sobre o caso os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Braga Netto (Casa Civil). Os depoimentos foram feitos no Palácio do Planalto. Bolsonaro comentou que não vê problema e não esconde nada.
“Sem problema, nenhum. Eu não escondo nada de ninguém. A ‘expectativa’? Olha, o depoimento do Moro, com todo respeito, quem leu e leu com isenção viu que não tem acusação nenhuma. O do Valeixo, a mesma coisa. Esse vídeo agora é a última cartada midiática usando da falácia e da mentira para tentar achar que eu tentei interferir na PF. Pelo amor de Deus”, disse Bolsonaro.
O episódio da demissão de Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da PF, levou Moro a pedir demissão porque, no entendimento do então ministro, a troca no comando da corporação configurou interferência política, o que Bolsonaro nega ter cometido.
Questionado se, naquela reunião, falou sobre investigações envolvendo sua família, Bolsonaro disse que não falou em investigação.
“Não tem a palavra investigação”, afirmou. “A preocupação minha sempre foi, depois da facada, de forma bastante direcionada, para a segurança minha e da minha família”, complementou. Bolsonaro disse ainda que Adelio Bispo, que lhe deu uma facada em Juiz de Fora (MG) durante a campanha de 2019, talvez também quisesse assassinar um de seus filhos.
Bolsonaro disse que o depoimento dele sobre o caso “vai ser depois”.
“Não vou entrar em detalhe contigo. O meu depoimento vai ser depois, vai ser depois. Eu não vou adiantar o que eu vou falar. Assunto de hoje: não existe a palavra ‘Polícia Federal’ nem ‘superintendência'”, concluiu.