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Bolsonaro diz que não pagou “nada” por harmonização dentária

O procedimento foi feito na última sexta (18), pelo dentista Rildo Lasmar. (Foto: Reprodução)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse a uma apoiadora que “não pagou nada” pela harmonização dentária que realizou em uma clínica de estética em Goiânia na semana passada. “Foi 0800, tá? Não paguei nada, não”, respondeu Bolsonaro, durante um voo de Brasília a São Paulo na manhã dessa quarta-feira (23).

No momento em que a aeronave pousou no Aeroporto de Congonhas e Bolsonaro se levantou para desembarcar, foi aplaudido por alguns apoiadores e ouviu gritos de “melhor presidente do Brasil”. Mas também foi questionado sobre as investigações abertas contra ele. “Está fugindo da Polícia Federal?”, questionou uma passageira. O ex-presidente, contudo, pareceu não ter ouvido a pergunta.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Bolsonaro admitiu que enviou para o empresário Meyer Nigri uma mensagem questionando urnas eletrônicas. “Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O (ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto) Barroso tinha falado no exterior (sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021), eu sempre fui um defensor do voto impresso”, disse Bolsonaro. De acordo a Polícia Federal (PF), o ex-presidente orientou empresários a ‘repassar ao máximo’ fake news.

Ao chegar na capital, Bolsonaro foi internado no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, para exames de rotina. O procedimento dentário de Bolsonaro foi realizado na última sexta-feira (18), pelo dentista Rildo Lasmar, que postou nas redes sociais o resultado da harmonização. À revista Veja, o profissional disse que o serviço foi realizado em 28 dentes do ex-presidente. Cada dente, de acordo com ele, custaria R$ 3 mil. No total, o preço do procedimento seria de R$ 84 mil.

Nas redes sociais, aliados do governo Lula criticaram Bolsonaro pelo procedimento estético. “Em meio a denúncias de corrupção e roubo de joias e da autorização da quebra de sigilo bancário do inelegível, ele fez uma harmonização de quase R$ 100 mil. Dinheiro de pix ou da venda das joias? Tá gastando tudo antes de passar uma temporada na Papuda”, escreveu a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS). “Dinheiro de pix” é uma referência à “vaquinha” em que o ex-presidente arrecadou R$ 17,1 milhões com doações de apoiadores.

Na terça-feira (22), a PF intimou Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle e outras seis pessoas a prestarem depoimentos simultâneos no próximo dia 31. O caso tem relação com a venda ilegal de joias que foram omitidas do acervo da Presidência da República após serem dadas como presentes a Bolsonaro por autoridades de outros países.

Também foram intimados o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid; o pai dele, general Mauro Lourena Cid; Fábio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência; Frederick Wassef, advogado do ex-presidente; Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro; e Osmar Crivellati, também assessor do ex-presidente.

Tanto Bolsonaro quanto Michelle tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados na investigação da venda ilegal de joias. Na semana passada, a PF deflagrou a Operação Lucas 12:2, que teve como alvo o entorno do ex-presidente. O celular de Wassef foi também posteriormente apreendido. O advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, tem dito que ele vai fazer uma confissão e admitir que recebeu ordem de Bolsonaro no caso das joias.

No dia 31, Bolsonaro prestará também um depoimento na PF sobre o caso dos empresários que defenderam no ano passado, em grupo no WhatsApp, um golpe de Estado caso o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhasse as eleições de outubro. Diálogos recuperados pela PF mostram que um dos empresários, o fundador da Tecnisa, Joseph Nigri, atribuiu a Bolsonaro uma ordem para espalhar fake news.

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