Após cancelamentos de espetáculos, seminário e festival de cinema em equipamentos federais, como unidades da Caixa Cultural e do CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil) do Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado (05) que o veto a obras culturais não é “censura”, mas uma medida para “preservar os valores cristãos”.
Bolsonaro falou sobre o tema ao participar, por videoconferência, de um simpósio conservador realizado em Ribeirão Preto. A transmissão foi feita direto do Palácio da Alvorada. “A gente não vai perseguir ninguém, mas o Brasil mudou. Com dinheiro público não veremos mais certo tipo de obra por aí. Isso não é censura, isso é preservar os valores cristãos, é tratar com respeito a nossa juventude, reconhecer a família”, disse Bolsonaro.
O presidente afirmou que serão feitas mudanças na área cultura, citando a Funarte e a Ancine , mas sem detalhar quais as alterações. “Nós não podemos perder a guerra da informação, deixamos tudo isso muito à vontade no passado. Estamos preparando mudanças aí na questão da cultura, da Funarte, da Ancine. Muita gente empregada lá em cargos de comissão desde o primeiro ano do governo Lula”, frisou o presidente.
A queda de braço do governo federal com o setor cultural, que já havia ocasionado uma intervenção na Ancine e a suspensão de edital com séries LGBT, teve novos episódios esta semana. Cancelamentos e adiamentos de última hora na Caixa Cultural, como do seminário “Aventuras do Pensamento” e do espetáculo “Lembro todo dia de você”, levantaram suspeitas de censura prévia, por abordarem temas que contrariam a militância bolsonarista.
Em ambos os casos, a Caixa deu justificativas técnicas para as mudanças e afirmou estar em contato com os produtores. O CCBB também foi questionado pelo grupo Aquela Cia de Teatro pelo cancelamento do espetáculo “Caranguejo Overdrive” na mostra comemorativa dos 30 anos do espaço.
De acordo com o colunista Lauro Jardim, o TCU informou neste sábado que vai apurar “a regularidade de atos” de Caixa e Banco do Brasil em relação aos projetos culturais. Na sexta-feira (04), o ministro da Cidadania, Osmar Terra, exonerou 19 servidores da Funarte em portaria publicada no Diário Oficial. Todos os funcionários dispensados são integrantes do Ceacen (Centro de Artes Cênicas), dirigido por Roberto Alvim, que informou que irá recompor a equipe “com pessoas leais ao governo”.