Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de janeiro de 2024
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) praticasse monitoramento ilegal de adversários políticos durante o seu governo. Em live com os seus filhos nesse domingo (28), o ex-mandatário caracterizou a “Abin paralela” como uma “narrativa” e chamou o ex-diretor, Alexandre Ramagem (PL), de “cara fantástico”. A declaração foi dada horas antes de Carlos Bolsonaro (Republicanos) se tornar alvo de mandados de busca e apreensão por suspeita de participação no esquema.
“Agora a nova narrativa é a tal da “Abin paralela” essa acusação em cima do Delegado Ramagem, um cara fantástico (…) eu não tenho inteligência da Abin, da PF, da Marinha, da Aeronáutica, não chegava nada para mim. A minha inteligência eu ligava para um posto militar e atendia um cabo velho. As oficiais que estão por ai, respeitosamente, para mim não chegava nada. Não sei se se alguém segurava pelo caminho ou desinformava”, disse Bolsonaro.
“‘Abin paralela’ porque o Bolsonaro admitiu. Aquela tal da sessão secreta, que o Supremo disse: ‘Tem que divulgar’, era uma reunião com ministros. E porque nós resolvemos divulgar, teve a decisão do Supremo, tudo bem. Mas tinha acusação de que ali estava a prova de que eu interferia na PF. E não estava a prova ali”, prosseguiu.
Bolsonaro fez referência à reunião ministerial divulgada em abril de 2020, quando afirmou que não recebia informações dos órgãos do governo.
Monitoramento ilegal
Segundo a Policia Federal, houve a tentativa da Abin de associar os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) durante a gestão do parlamentar, que aconteceu entre 2019 e 2022.
Além dos ministros do Supremo, um jantar na casa do ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia teria sido alvo do monitoramento ilegal promovido pela Abin. O senador Ciro Nogueria (PP-PI) estaria persente na ocaisão.
“Isso [a espionagem] estava na cara. No dia eles vazaram isso. Mas como o Ciro Nogueira estava no jantar, desmentiu que havia algum assunto do governo”, disse Maia.
Sobre o caso do ex-presidente da Câmara, Bolsonaro disse que o equipamento da Abin não grava nenhum telefone e que não há o registro de precisão exata de localização.
“Conversa vazou. Viu equipamento da Abin, que não grava telefone de ninguém? Ué, se vazou, foi eles (sic). O equipamento da Abin que faz o levantamento geográfico, a precisão é de 100 metros. Outra, pra que precisa saber se o senhor Gilmar Mendes estava reunido com o Ciro [Nogueira]?. Até porque não dizia isso. Podia dar o Gilmar Mendes aqui, o Ciro a 50 metros. E o Maia a 100 metros”, expressou Bolsonaro.
Nova busca e apreensão
Na manhã desta segunda-feira (29), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na residência e gabinete do vereador por suspeita de participação no esquema de espionagem ilegal que teria ocorrido na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o mandato de seu pai.
Na quinta-feira (25), Alexandre Ramagem também teve seus endereços investigados no escopo desta operação.
A investigação tem origem em reportagens de março passado que revelaram a existência de um programa secreto, o “FirstMile”, que teria sido utilizado para monitorar a localização de adversários do governo.