O candidato Jair Bolsonaro (PSL) dobrou a quantidade de ataques em vídeos contra o rival Fernando Haddad (PT) neste fim de campanha do segundo turno.
Nos últimos sete dias, o líder nas pesquisas destinou 53% do conteúdo dos seus vídeos publicados no YouTube contra o petista. Na semana anterior, esse patamar havia sido de 27%, conforme monitoramento do jornal Folha de S. Paulo com relação às campanhas dos candidatos nessa plataforma digital, no programa eleitoral na TV e nas redes sociais (Twitter e Facebook).
Ataque ao PT foi o tópico mais presente nas últimas seis semanas nos vídeos de Bolsonaro, mas em nenhum momento chegou aos 53% do conteúdo desta semana.
Um dos vídeos da campanha do capitão reformado afirmou, por exemplo, que o PT iria aumentar a quantidade de fake news ou tentar ganhar a eleição no “tapetão”.
Ataques a Haddad foram o tópico mais presente da campanha de Bolsonaro também no programa eleitoral e nas postagens nas redes sociais.
Haddad manteve as críticas ao adversário como seu principal tópico nos vídeos, com 43%. É um percentual parecido com o registrado na semana anterior (42%).
Nos últimos dias, o petista fez declarações ligando Bolsonaro à tortura.
Em temas relacionados a propostas, ambos enfatizaram a área econômica.
Bolsonaro afirmou, por exemplo, que buscará medidas para ajudar importadores e exportadores do País e redução da dívida interna sem aumentar impostos.
Haddad prometeu investir em refinarias, para que o Brasil dependa menos da importação de derivados como diesel e gasolina.
Os dados se referem ao período entre a quarta-feira da semana passada (17) e a última terça-feira (23).
Para Haddad, campanha eleitoral de 2018 é “a mais baixa” da história
Numa queixa às notícias falsas disseminadas pelas redes sociais para favorecer seu adversário na disputa do segundo turno da corrida ao Planalto, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) classificou a campanha deste ano como “a mais baixa de todos os tempos”. Segundo ele, Jair Bolsonaro, candidato do PSL, é o maior responsável pelo nível da disputa pela sucessão presidencial nas eleições 2018.
“É a campanha mais baixa de todos os tempos porque ele (Bolsonaro) quis criar esse clima. Esse clima favorece a campanha dele”, declarou o petista.
O candidato concedeu entrevista após se reunir com a ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla, que chefia a missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) que acompanha o processo eleitoral brasileiro.
Haddad disse que entregou a OEA um material sobre o uso ilegal de redes sociais, especialmente o WhatsApp, no primeiro turno. Segundo ele, os últimos três dias da campanha do primeiro turno foram marcados por uma “avalanche” de notícias falsas. O presidenciável pediu atenção da OEA para que o mesmo não se repita até domingo.
Haddad, que viaja hoje para o Nordeste, informou que voltará a São Paulo para, no sábado, 27, encerrar sua campanha na favela de Heliópolis. Ele negou, contudo, que a decisão de fechar a campanha na periferia de São Paulo seja uma resposta ao discurso do rapper Mano Brown, que cobrou que o PT retomasse a comunicação com suas bases. “Já estava planejado”, afirmou o ex-prefeito.
Na busca por apoio à sua candidatura, Haddad confirmou que ligou ao presidente do PDT, Carlos Lupi, para alertá-lo sobre o que chamou de “onda da virada” e que aguarda um retorno do pedetista. Disse que, com o apoio de Ciro Gomes, candidato do PDT no primeiro turno, fica mais fácil reverter a desvantagem para Bolsonaro indicada pelas pesquisas de intenção de voto. Ele também aproveitou para destacar a importância das declarações de voto no petista feitas por Marina Silva (Rede) e Alberto Goldman (PSDB).
De acordo com Haddad, o apoio de Goldman, ex-presidente do PSDB e um adversário histórico do PT, reflete a preocupação de setores mais centristas da política com o significado da eleição de Bolsonaro. “Tem que ter grandeza para perceber os riscos que o País está correndo”, declarou o candidato.