A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de manter a validade do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi vista como um “péssimo sinal” pelo entorno do ex-presidente e do general da reserva Walter Braga Netto. As informações são do blog da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.
A leitura feita é que, para manter a validade do acordo, mesmo com a Polícia Federal (PF) apontando as omissões feitas pelo tenente-coronel, Cid colaborou muito com a investigação e preencheu as lacunas apresentadas. Eles avaliam que os principais atingidos pelas novas revelações feitas pelo ex-ajudante de ordens da Presidência no depoimento dessa quinta-feira (21) a Moraes foram ser Bolsonaro e Braga Netto.
Pessoas próximas a Cid relataram que ele deixava evidente o temor de voltar a ser preso, após a PF pedir o cancelamento de sua colaboração. A medida foi adotada após o militar negar conhecer um plano golpista que incluía o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice eleito, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral Alexandre de Moraes em depoimento aos investigadores, na terça-feira passada (12).
Temor
Parlamentares e lideranças de direita próximas a Bolsonaro avaliam que o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes, revelado pela Polícia Federal, mudaram o clima sobre uma eventual prisão do ex-presidente.
A leitura desse grupo é que os detalhes do plano de golpe, que incluía o assassinato das maiores autoridades do Brasil, ajudam a construir um ambiente que fortalece a prisão. Ainda mais com a conclusão do relatório final da PF sobre a tentativa de golpe de Estado que indiciou Bolsonaro, ex-integrantes de sua equipe e militares nessa quinta.
Para esses aliados, a investigação da PF que prendeu os militares envolvidos no plano traz fatos que implicam diretamente Bolsonaro.
Entre esses episódios está o fato de um dos autores do plano, o general da reserva e na época secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Mário Fernandes, ter imprimido o esquema operacional do homicídio dentro do Palácio do Planalto em um momento em que Bolsonaro, ainda presidente, estaria no local.
Além disso, a investigação revelou o papel central do general da reserva Walter Braga Netto, que o foi o ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice-presidente em sua chapa em 2022, no plano golpista. A PF aponta que ocorreu na casa dele, em 12 de novembro de 2022, uma reunião com outros militares para debater o plano sobre o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.