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Bolsonaro estava com decreto de golpe pronto e não assinou por não ter apoio do Alto Comando do Exército

Bolsonaro e mais 36 aliados foram indiciados pela PF. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados só recuaram do plano golpista porque não tiveram apoio do alto comando do Exército.

Segundo a PF, o plano só foi abandonado depois que o general Freire Gomes, então comandante do Exército, e a maioria dos militares de alta patente “mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado”, “apesar de todas as pressões”.

Diante da negativa, Bolsonaro e seus aliados não tiveram “confiança suficiente” para “avançar na consumação do ato final”, afirmam os investigadores.

As conclusões estão no relatório final do inquérito do golpe, divulgado nessa terça-feira (26), pelo ministro Alexandre de Moraes, que levantou o sigilo da investigação.

O documento aponta que Bolsonaro estava com o decreto do golpe pronto, para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e anular o resultado da eleição, e desistiu de assiná-lo.

A PF também afirma que a ação para executar o ministro Alexandre de Moraes – os planos Copa 2022 e Punhal Verde e Amarelo – só foi “abortada“ porque o Exército não aderiu em massa ao plano golpista.

”A consumação do golpe necessitaria de um elemento fundamental, o apoio do braço armado do Estado, em especial a força terrestre, o Exército”, afirma a PF.

Uma data teria sido decisiva para frear as movimentações golpistas: 15 de dezembro de 2022. Era neste dia que, segundo a Polícia Federal, Bolsonaro e seus aliados pretendiam “consumar” o golpe.

Neste dia, Bolsonaro recebeu Freire Gomes no Palácio do Alvorada.

Antes da reunião, o general Mário Fernandes, apontado como autor do plano Punhal Verde e Amarelo, alertou o general Luiz Eduardo Ramos, então secretário geral da Presidência, sobre a possibilidade de adesão do Exército.

“Kid preto, algumas fontes sinalizaram que o comandante da Força sinalizaria hoje, foi ao Alvorada para sinalizar ao presidente que ele podia dar ordem”, diz a conversa obtida pela PF.

Após a saída do comandante do Exército, Bolsonaro se reuniu com Mário Fernandes, Luiz Eduardo Ramos, com os ministros Braga Netto (Casa Civil) e Anderson Torres (Justiça) e com o assessor especial Filipe Martins.

Mensagens trocadas no dia seguinte apontam que o comandante do Exército teria rejeitado a investida golpista. “Infelizmente a FAB afrouxou e o EB agora também está afrouxando”, escreveu o coronel Gustavo Gomes a Sérgio Cavaliere, que está entre os indiciados no inquérito do golpe.

O relatório final da PF nas mãos do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que precisa decidir se há elementos para oferecer um denúncia.

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