Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de abril de 2023
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nessa quinta-feira (27) que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “fomentou promiscuidade com os militares”. A declaração foi dada em entrevista à Agência Lusa, em Lisboa, para onde o ministro viajou acompanhando a comitiva presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, no último fim de semana.
“A política colocou muito militar na política e muita política nos militares”, disse Múcio, à Lusa. Parte dos militares que estavam no governo de Bolsonaro já foram exonerados, inclusive do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após a queda do general Gonçalves Dias. Múcio defende que o GSI deve permanecer nas mãos dos militares e já externou essa posição publicamente.
Em outro trecho divulgado pela Agência Lusa, Múcio descreve as atribuições de um membro das Forças Armadas. “Um militar aqui, lá, em qualquer país, é funcionário de carreira ligado à Constituição”. E acrescenta: “eles são guardiões da Constituição Brasileira, eles não são empregados do governo de plantão”.
Múcio disse ainda que está satisfeito com as relações entre o governo federal e os militares, embora alguns grupos “não gostem” de Lula. “Os militares estão calmos, a relação com o governo é ótima, com o presidente da República é ótima, mas nós vivemos numa democracia”.
Investimentos
O ministro afirmou que seu objetivo no comando da Defesa é ter “forças armadas modernas com equipamento moderno” e defendeu um um aumento gradual do investimento, passando de 1,2 por cento do orçamento para perto de 2%. No entanto, admitiu que no Brasil há problemas mais urgentes a serem tratados. “Evidentemente, eu não tenho coragem, num país que tem gente com fome, de investir em equipamento”.
Múcio também comentou sobre a indústria de defesa. O ministro afirmou que o Brasil pode fazer navios e submarinos, desde que haja clientes para isso. E acrescentou que estudos indicam que para cada real investido no setor, voltam R$ 9 de de riqueza produzida para o País.
Atos
Na última quarta (26), o ministro da Defesa prometeu que o ataque de 8 de janeiro em Brasília, na qual apoiadores de Bolsonaro depredaram as sedes dos Três Poderes, “jamais acontecerá de novo”.
“Eu acho que ali nós não acreditávamos que isso pudesse acontecer”, disse o ministro da Defesa, José Múcio, à agência de notícias Reuters em entrevista na capital portuguesa, Lisboa. “E nós todos fomos surpreendidos e pagamos um preço elevado por isso.”
Na ocasião, apoiadores de extrema-direita do ex-presidente invadiram e vandalizaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal uma semana depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo em 1º de janeiro, protestando contra sua vitória nas eleições de outubro e pedindo um golpe militar.
Bolsonaro negou responsabilidade pelos distúrbios, que geraram comparações com a invasão do Capitólio dos EUA em 2021 por apoiadores do ex-presidente norte-americano Donald Trump.