Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 27 de julho de 2024
O ex-presidente Jair Bolsonaro ironizou a tentativa de parte da imprensa brasileira de associá-lo ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, após o chefe de estado venezuelano questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas usadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições brasileiras.
Ao discursar em um evento de campanha, nesta semana, Maduro disse que o sistema eleitoral do seu país “é o melhor do mundo”, comparando-o com o do Brasil, acusado por ele de não auditar as eleições.
“Aqui temos 16 auditorias. Em que outra parte do mundo fazem isso? […] No Brasil não auditam um único registro”, disse para uma multidão apoiadora do chavismo.
Ao repercutir a declaração do ditador membro do Foro de São Paulo e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, parte da imprensa brasileira disse que Maduro teria emplacado um “discurso bolsonarista” ao questionar as urnas eletrônicas do TSE.
“Maduro is my friend”, escreveu Bolsonaro na rede social X ao reagir à associação feita por parte da imprensa. Após o questionamento de Maduro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que não irá mais enviar observadores para as eleições presidenciais na Venezuela, marcadas para este domingo (28).
O TSE havia sido convidado pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) para acompanhar as votações no país. Maduro também criticou o sistema eleitoral da Colômbia que, segundo ele, “não auditam nenhum registro”, e dos EUA.
O governo da Venezuela fechou as suas passagens fronteiriças desde sexta-feira (26) até segunda-feira (29) para “prevenir atividades de pessoas que possam representar ameaças à segurança” por ocasião das eleições presidenciais que se realizarão neste domingo, segundo o decreto publicado no Diário Oficial.
As pontes internacionais foram fechadas com base na medida, informou o general Domingo Hernández Lárez, comandante estratégico operacional das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB), na rede social X.
A declaração contra o Brasil ocorre dias depois de o presidente Lula ter demonstrado “preocupação” com a fala de Maduro sobre “o banho de sangue” e “guerra civil” que haverá na Venezuela se ele perder as eleições presidenciais.
Ao comentar sobre o caso, o jurista André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão – e defensor do direito de questionar o sistema eleitoral, normal em uma democracia –, afirmou que, caso a Corte eleitoral e o Supremo Tribunal Federal (STF) seguissem as mesmas regras utilizadas no passado, Maduro deveria ser investigado por dizer que o Brasil não audita “um único registro” de voto.