Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2023
O ex-presidente Jair Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde 30 de dezembro, quebrou o silêncio sobre os atos criminosos nas sedes dos três Poderes. Bolsonaro, que está na região de Orlando, na Flórida, falou com apoiadores na porta do condomínio onde está hospedado. O ex-presidente passou à condição de investigado na sexta-feira passada (13) por suspeita de incitação dos atos. “Lamento o que aconteceu. Uma coisa inacreditável”, disse ele.
Na conversa, gravada em vídeo e distribuída em canais bolsonaristas no Telegram, Bolsonaro afirmou que, durante seu governo, as pessoas aprenderam “o que é política”. “O pessoal aprendeu o que é política, conheceu os Poderes, começou a dar valor à liberdade. Eu falava para alguns sobre a liberdade, e eles diziam que era igual ao sol, nasce todo dia, mas não é bem assim, não. A gente acredita no Brasil”, disse.
Bolsonaro destacou ainda o que considera feitos de sua gestão na economia e admitiu, sem entrar em detalhes, que cometeu “deslizes”. “Tem algum furo? Tem, lógico. A gente comete algum deslize em casa.”
O ex-presidente se refugiou num condomínio de alto padrão na Flórida e tem vivido uma realidade que lembra o “cercadinho” da Alvorada. Apoiadores pediram que ele permanecesse nos Estados Unidos.
A implicação formal do ex-presidente nos ataques às sedes dos Poderes, porém, deverá ampliar a pressão de parlamentares americanos que tentam impedir sua permanência em solo americano. Deputados do Partido Democrata pediram ao presidente Joe Biden que revogasse o visto de Bolsonaro.
Na semana passada, o brasileiro compartilhou um vídeo questionando o resultado da eleição de 2022, em sua primeira manifestação expressa em defesa da tese de fraude eleitoral após os atos golpistas. Ele apagou o conteúdo horas depois.
Incitação
Na última sexta, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes aceitou o pedido da Procuradoria-Geral da República para apurar se Bolsonaro incitou os atos. O ex-presidente será investigado na frente que se debruça sobre “expositores de teorias golpistas que promoveram a mobilização da massa violenta”. O vídeo publicado no Facebook embasa o argumento dos procuradores.
No dia seguinte, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres foi preso ao chegar ao Brasil por determinação de Moraes. Ele também estava na Flórida durante as invasões – na ocasião, era secretário da Segurança Pública do Distrito Federal.