O presidente da República, Jair Bolsonaro, negou, nesta segunda-feira (06), que haja uma disputa no governo federal entre militares e integrantes da chamada ala ideológica, formada principalmente por seguidores do escritor Olavo de Carvalho, considerado o guru do bolsonarismo.
Ao ser questionado sobre a insatisfação de setores das Forças Armadas do Brasil com o tratamento dispensado ao ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, o presidente disse que a orientação aos subordinados é para ficarem “quietos”.
“De acordo com a origem do problema, a melhor resposta é ficar quieto. Essa é a orientação que tenho falado porque temos coisas muito mais importantes para discutir no Brasil. Aqueles que por ventura não têm o tato político, estão pagando um preço junto à mídia. Agora, não existe grupo de militares e nem grupo de Olavos, tudo é um time só”, disse o presidente, ao deixar o ministério da Economia, após se reunir com a equipe do ministro Paulo Guedes.
Na noite de domingo (05), Santos Cruz se reuniu com Bolsonaro no Palácio da Alvorada após passar o dia sob ataques nas redes sociais. A hashtag #ForaSantosCruz se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter ao longo daquele dia.
Na conversa com o presidente, o ministro disse que era alvo de uma ação coordenada nas redes sociais, com a participação dos filhos do presidente, do chefe da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, e de assessores ligados ao ideólogo de direita Olavo de Carvalho.
Ao ser indagado se Santos Cruz continua com o respaldo dele, o presidente da República respondeu: “Completamente. Ele está agora em São Gabriel da Cachoeira [no Estado do Amazonas], tratando de assuntos fundiários e indigenistas. Estive com ele ontem à noite [domingo], conversamos por uma hora e meia sobre vários assuntos, vários aspectos, como faço com vários ministros no Alvorada no fim de semana”.
Bolsonaro disse que o general Santos Cruz não pediu demissão e nem reclamou durante o encontro. O presidente também evitou comentar as críticas do ex-comandante do Exército general Villas Bôas a Olavo de Carvalho. “Não tenho nada a ver com o Villas Bôas. É um comandante que eu respeito, tá certo? E o nosso Brasil está no caminho certo. Os ministros estão fazendo aquilo que é determinado”, disse o chefe do Executivo federal.