A manifestação de apoio a Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo, prevista para 16 de março, deve acontecer sem a presença do ex-presidente. O evento em São Paulo tem como principal organizadora a deputada federal Carla Zambelli (PL), mas o ex-mandatário disse que participará do ato na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, organizado na mesma data pelo pastor evangélico Silas Malafaia.
Malafaia confirmou a presença de Bolsonaro no Rio. A ausência na capital paulista é mais um sintoma do “banho-maria” pelo qual passa Zambelli no bolsonarismo. Aliada de primeira hora do ex-presidente, a deputada se envolveu em uma sequência de enroscos na Justiça nos últimos anos e tem sido jogada para escanteio pelos mais próximos ao capitão.
O clima fechou entre Zambelli e Bolsonaro na última manifestação bolsonarista em São Paulo, em 7 de setembro, quando o ex-presidente xingou um carro de som onde estava a parlamentar, ao lado do influenciador Marco Antônio Costa, por atrapalhar seu discurso no trio elétrico principal. No início do ano, em outro ato na Paulista, ela também ficou de fora do palco principal.
No início de fevereiro, Zambelli foi cassada pela Justiça Eleitoral de São Paulo e condenada à inelegibilidade por disseminar fake news sobre fraudes nas urnas eletrônicas. Também neste mês, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou a deputada por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023, em conluio com o hacker Walter Delgatti Neto. Antes disso, a parlamentar foi citada na Justiça por sacar uma pistola e perseguir um cidadão pelas ruas de São Paulo, na véspera das eleições presidenciais de 2022.
O mote das manifestações bolsonaristas em março deve ser a aprovação da anistia aos presos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília. O perdão às mais de 1.400 pessoas condenadas por participação no episódio é considerado prioridade entre parlamentares da oposição, que articulam ofensivas para avançar a discussão no Congresso.
Segundo Bolsonaro, a pauta do impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ficar fora da agenda no Rio de Janeiro, mas pode ser promovida em “outros” atos. “Eu devo estar no Rio. Vai ser o quê? Anistia e as questões nacionais. Outros vão ser impeachment, outros vão ser outro assunto”, disso o ex-presidente em entrevista ao canal Brazil Talking News.
A pauta do impeachment de Lula é assunto espinhoso para os bolsonaristas. Alguns dos principais defensores, como Carla Zambelli e o deputado Nikolas Ferreira (PL), dizem que o discurso sobre “Tirar o Lula” será bandeira da manifestação em São Paulo, enquanto Malafaia promove a ideia de que um governo do atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), seria “pior ainda”.
“Trocar seis por meia dúzia? Pelo Alckmin, que é pior ainda? Deixa esse governo ir até o final, já que foram eles que arrumaram tudo isso o que está acontecendo no país de desgraça econômica, de roubalheira”, declarou o pastor evangélico à Folha de S.Paulo. O pastor defende que Bolsonaro descarte o pedido de impeachment e se concentre na proposta de anistia. As informações são da revista Veja.