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Política Bolsonaro será recebido por partido de extrema-direita que hostilizou Lula em Portugal

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O ex-presidente confirmou a viagem internacional, a primeira desde que retornou ao Brasil em março

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Mensagens mostram detalhes da rotina da Presidência e diálogos entre assessores. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O partido de extrema-direita português Chega, que organizou uma vaia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (25) durante seu discurso no parlamento de Portugal, receberá Jair Bolsonaro em Lisboa daqui a duas semanas como estrela de um evento político.

O ex-presidente confirmou a viagem internacional, a primeira desde que retornou ao Brasil em março, após um autoexílio nos Estados Unidos. Nos quatro anos de mandato, Bolsonaro nunca viajou ao país europeu. O convite foi feito no início do mês pelo presidente do Chega, André Ventura, que convocou a manifestação contra Lula pelas redes sociais nos últimos dias.

Os protestos do Chega foram divulgados nas redes sociais por deputados brasileiros como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG). As contas da legenda portuguesa replicaram as publicações dos bolsonaristas.

O Chega

Fundado em 2019, o Chega é hoje a terceira maior sigla no parlamento de Portugal e detém 12 das 230 cadeiras da Casa.

Ventura, o presidente, pediu votos para Bolsonaro em 2022 e espera explorar sua visita como contraponto ao governo português, comandado pelo Partido Socialista, de centro-esquerda. A bancada da legenda do primeiro-ministro António Costa é dez vezes maior do que a do Chega, ou seja, tem 120 parlamentares.

O evento que prestigiará Bolsonaro, chamado Cimeira da Direita Mundial, também receberá o ex-vice-premier da Itália, Matteo Salvini, um dos principais expoentes da extrema-direita daquele país junto da atual primeira-ministra Giorgia Meloni. Salvini também apoiou a eleição de Bolsonaro em 2018, quando ainda era o número dois no comando da nação mediterrânea.

Extrema-direita

Esta será a segunda cúpula da extrema-direita que o ex-presidente do Brasil participa neste ano. Em março, Bolsonaro foi uma das principais atrações da Conservative Political Action Conference (CPAC, ou Conferência de Ação Política Conservadora em português), em Washington D.C, considerado o principal evento da ultradireita no mundo.

Na CPAC, ele demonstrou orgulho ao frisar que foi o último chefe de Estado a reconhecer a vitória de Joe Biden sobre Donald Trump nos EUA. Também arrancou aplausos da claque trumpista ao relembrar sua abordagem antivacina à frente do governo, em uma referência indireta à imunização em massa conduzida por Biden.

Resta saber se Bolsonaro usará seu discurso em Lisboa para fustigar as autoridades de Portugal, o que seria um prato cheio para os aliados do Chega mobilizarem sua militância. No último ano de seu governo, ele acumulou desgastes com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Reunião cancelada

Em julho, Bolsonaro chegou a cancelar uma reunião previamente marcada com o lusitano, depois que ele confirmou ter reservado parte de sua agenda no Brasil para uma reunião com Lula, então pré-candidato ao Planalto. O português alegou que também se reuniria com outro ex-presidente brasileiro, Michel Temer, mas Bolsonaro não perdoou.

Dois meses depois, na comemoração do bicentenário da independência, em Brasília, Rebelo de Sousa se viu constrangido pelo uso político da celebração institucional a menos de um mês do primeiro turno das eleições brasileiras.

7 de setembro

Em meio ao desfile do 7 de setembro, Bolsonaro ergueu bandeiras com os dizeres “Brasil sem aborto” e “Brasil sem drogas” ao lado do mandatário português, cena que acabou registrada por dezenas de câmeras. Na mesma ocasião, Bolsonaro chamou Lula de “ladrão” ao lado de Rebelo de Sousa, que testemunhou ainda o brasileiro puxar o infame grito de ordem “imbrochável”.

Agora, já como ex-presidente, Bolsonaro retribuirá o gesto diplomático do bicentenário incensando o evento organizado pelo partido que lidera a oposição voraz ao governo de Portugal.

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