Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2019
Após críticas à indicação de Augusto Aras para a PGR (Procuradoria-Geral da República), o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo para que os apoiadores apaguem comentários negativos e “deem uma chance” para o chefe do Executivo.
O presidente justificou que “não basta apenas alguém que combata a corrupção” para a escolha do substituto de Raquel Dodge, mas também é preciso ter um alinhamento com o governo em questões ambientais, econômicos e de comportamento.
“Peço a vocês, vá no Facebook, você fez um comentário pesado, retira. Dá uma chance para mim. Você acha que eu quero colocar alguém lá [na PGR] para atrapalhar a vida de vocês? Não é”, disse Bolsonaro em transmissão ao vivo na rede social.
Ele demonstrou incômodo com a repercussão negativa e afirmou que pelo menos 20% dos comentários em suas redes socais nas últimas horas são contra a indicação de Aras. Ele disse que vai evitar acompanhar os comentários daqui para frente.
“Pessoal que votou em mim, tem pelos menos 20% falando que acabou a esperança dele, que vai votar no [Sérgio] Moro em 2022. Pessoal, atire a primeira pedra quem não cometeu um pecado. Eu tinha que escolher um nome”, justificou.
Bolsonaro disse, ainda, que sua convivência com apoiadores ficará ruim se “continuarem atirando”. “Eu devo lealdade ao povo, mas não é essa lealdade cega”, afirmou o presidente. A escolha de Aras, que quebra uma tradição de 16 anos ao optar por um nome de fora da lista tríplice eleita por membros do MPF (Ministério Público Federal), desagradou seguidores bolsonaristas na internet.
Parte da base de apoiadores do presidente vê no subprocurador proximidade com a esquerda, leniência com a corrupção e distância da Lava-Jato. O tema chegou a ser o assunto mais comentado no Twitter entre brasileiros, e alguns apoiadores chegaram a falar em “suicídio político” e fim da “última esperança” na política.
O presidente defendeu que Aras “tem posição serena nas questões que impactam”, destacando a área ambiental, avaliada como “importantíssima”. “Sabemos que alguns do Ministério Público não podem ver uma vara de bambu sendo cortada que já processam todo mundo. Como ficaria alguém que tivesse visão muito radical na questão ambiental? como ficaria o homem do campo?”, questionou.
Bolsonaro também defendeu a importância da PGR para viabilizar o avanço da área de infraestrutura. A pasta é comandada por Tarcísio de Freitas, que apoiou o nome de Aras. “Não queremos um chefe do MPF que pode fazer tudo, mas também não queremos aquele que não pode fazer nada”, declarou.
Para Bolsonaro, a função de comandar a PGR é “tão difícil” quanto a Presidência da República. Ele disse que, nas decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), o procurador-geral não vota, mas, ao proferir sua posição, é “como se fosse o primeiro voto sobre determinadas questões”. Ele considerou também que o PGR precisa marcar sua posição nessas votações.
“Quero uma pessoa que ajude o Brasil. Quando fala em questão ambiental, que faça o casamento do desenvolvimento com a preservação do meio ambiente. Que em posições críticas que o Supremo faça, ele dê o seu parecer. O parecer ajuda para um lado ou para o outro. É, vamos assim dizer, o primeiro voto, que não vale, o procurador não vale, mas o primeiro voto sobre aquela questão”, declarou.