Eleito prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União) diz que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) agora tem um “ativo importante” na pretensão de ser o nome da direita na corrida à Presidência em 2026 e, apesar de não fechar as portas para uma aliança futura, deixa explícita a mágoa com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Já o ajudei muito, e ele veio a Goiânia com um candidato que não tinha condição de ser prefeito e ainda me xingou”, reclama. Mabel foi eleito com 55,53%, contra 44,47% de Fred Rodrigues (PL).
1) Qual o simbolismo de ser um nome da direita e vencer o candidato de Bolsonaro em Goiânia?
Existe um simbolismo grande. Vencemos contra o Bolsonaro, que veio seis vezes à cidade durante a eleição e espalhou inúmeras mentiras. E tomou um baque. Isso mostra a força do (Ronaldo) Caiado. Um governador não vencia na capital há 36 anos em Goiás. A cidade queria um gestor. Do outro lado, havia o Fred Rodrigues (PL), um sujeito que não tinha experiência para isso.
2) Apesar dos embates, Caiado e Bolsonaro cogitam caminhar juntos em 2026. Como veria a aliança, depois da disputa acirrada?
Alianças são necessárias, e a direita precisará estar junta se quiser ganhar. Caiado quer um projeto nacional e hoje tem uma aceitação muito boa. Elegendo o prefeito da capital, tem um ativo importante. A verdade é que fiquei muito decepcionado com o Bolsonaro. Já o ajudei muito nessa vida, quando éramos deputados. E ele veio a Goiânia com um candidato que não tinha condição de ser prefeito e ainda me xingou. A preocupação dele foi com o poder, não com a cidade. Vai ter um troco.
3) Que troco?
Vou fazer um governo que ele não terá como questionar.
4) Como será relação com o governo federal nos próximos anos?
Fui líder do PL na Câmara quando Lula era presidente (nos mandatos anteriores). Tenho boa relação com todos, conheço bem os técnicos do governo. Nunca terei problemas em dialogar com quem quer que seja.
“Levaram couro”
Mabel afirmou que os candidatos apoiados por Jair Bolsonaro “levaram couro” no segundo turno das eleições municipais. Em entrevista à GloboNews, Mabel, que disputou o cargo contra Fred Rodrigues, comentou sobre a divisão na direita política.
“A cidade não quer ninguém extremista, ela quer alguém que tenha capacidade de gestão; por isso, a escolha do bom candidato. No fim do dia, a mãe quer que o filho tenha uma creche para ir, um posto de saúde para ser atendida, que a escola funcione, que o transporte funcione e o trânsito ande”, disse Mabel.