Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de setembro de 2023
Após a veiculação da informação de que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, havia revelado uma reunião do ex-presidente com a cúpula militar para discutir uma minuta de golpe de Estado, auxiliares de Bolsonaro entraram em campo para tentar descobrir se havia outros relatos que envolviam sua esposa, Michelle.
O ex-presidente sempre destaca para pessoas próximas que sua maior preocupação é o envolvimento direto da ex-primeira-dama nas investigações.
Um dos casos que está hoje em apuração na Polícia Federal (PF) tem relação com os pagamentos de contas da ex-primeira-dama. Mensagens interceptadas pelos investigadores mostram que o então ajudante de ordens de Bolsonaro orientou assessoras de Michelle a quitar despesas em dinheiro vivo. A PF também identificou depósitos do militar para a ex-primeira-dama.
De acordo com o jornal O Globo, Michelle garantiu a seus advogados nunca ter mantido boa relação com o tenente-coronel e nem trocado mensagens diretamente com Cid. Ela alega que todas as comunicações aconteciam por meio das assessoras, como mostraram as mensagens do celular de Cid obtidas pela PF.
A advogados, Bolsonaro tem dito que Cid atuava como “faz tudo” do casal e usava recurso privado para quitar as contas.
Expulsão
Líder do PL na Câmara, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) teceu duras críticas ao tenente-coronel Mauro Cid. O parlamentar questionou as revelações feitas pelo ex-assessor do então presidente em acordo de delação premiada firmado com a PF. Como foi revelado pela colunista do jornal O Globo Bela Megale, Cid contou ter presenciado uma reunião de Bolsonaro com os comandantes das Forças Armadas à época na qual foi debatida a elaboração de uma minuta que abriria a possibilidade para uma intervenção militar após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições.
“Cid tem que ser demitido do Exército. Essa delação é ridícula. Não há prova material”, afirmou Côrtes em entrevista à CNN Brasil.
O correligionário de Bolsonaro também criticou os rumos recentes da CPMI do 8 de Janeiro. Após as revelações de Mauro Cid, parlamentares governistas que integram a comissão vêm se articulando para convocar o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos — o chefe da Força marítima, segundo o tenente-coronel, teria sido o único a endossar as intenções golpistas durante o encontro.
“A relatora da CPMI descambou para o embate político”, reclamou o líder do PL, referindo-se à senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que também defendeu que Garnier compareça ao colegiado e se referiu ao militar como “uma figura central nas investigações”.
Quem também comentou a delação de Mauro Cid nesta sexta-feira foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. O parlamentar, no entanto, evitou comentários mais objetivos sobre as informações fornecidas à PF pelo ex-ajudante de ordens do pai.
“Não tenho informações sobre isso. A delação está pública? Como é que vocês sabem disso? A gente só pode falar alguma coisa quando a delação estiver pública. Não tem como ficar conjecturando antes disso”, disse Eduardo ao jornal Folha de S.Paulo, após ser perguntado se acreditava que Cid inventou o episódio.