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Bolsonaro vê ameaça à direita com Proposta de Emenda à Constituição da redução de jornada

Ex-presidente mostrou preocupação e alerta aliados para estratégia de adversários. (Foto: Agência Brasil)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) demonstraram preocupação com a proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com a jornada de seis dias de trabalho com um de folga (a PEC 6×1) e afirmaram que a oposição precisa combater a tentativa da esquerda se reaproximar da classe trabalhadora.

“Vocês estão na areia movediça”, alertou Bolsonaro, o pai, no evento de posse do filho como secretário nacional de Relações Institucionais e Internacionais do Partido Liberal. “Quem quiser matar no peito e fazer a coisa certa [discursar contra a PEC] vai se dar mal, e nós que pretendemos fazer uma grande bancada em 2026 vamos nos dar mal”, disse.

Segundo Bolsonaro, o PT quer renascer das cinzas ao se reconectar com a sociedade por meio da luta de classes, após perder a eleição na maioria dos municípios e ver o PL ser o partido mais votado entre as cidades com mais de 200 mil eleitores. “O PT tem que renascer das cinzas. Como? Jogando um contra o outro, jogando trabalhador contra patrão”, afirmou.

A PEC foi apresentada pela deputada Erika Hilton (Psol-SP) e ganhou forte repercussão nas redes sociais desde o fim de semana com a pressão para que os deputados assinassem a proposta. A oposição se posicionou contra e quase nenhum parlamentar do PL subscreveu. O texto, além de proibir a jornada 6×1, estabelece quatro dias de trabalho por semana para três de folga e a redução da jornada de 44 horas para 36 horas semanais.

Para o ex-presidente, a esquerda usa o assunto para ganhar mais apoio e não adianta a oposição discursar contra porque o trabalhador “na ponta não entende” os problemas que, segundo ele, a proposta causaria. “Gente que está muito bem avaliada por aí vai acabar sendo vaiado até em aeroporto [se enfrentar a PEC]”, pontuou Bolsonaro.

O ex-presidente, então, orientou seus aliados a subirem a aposta. “O que eu acho que pode ser feito? Por que não resolver a questão do salário mínimo também? Por que não botar na PEC o salário mínimo de R$ 10 mil?”, questionou. “Tem que provocar o chefe do Executivo, o chefe da esquerda. Ele tem que se pronunciar sobre essa PEC […]. Jogar o o abacaxi para ele resolver”, disse.

Apesar da preocupação, Bolsonaro defendeu que é preciso enfatizar o discurso a favor do empreendedorismo. “A solução é mostrar que o ser humano tem que buscar a solução para o seu problema e não ficar dependendo de algo do Estado”, afirmou.

Eduardo também afirmou estar atento à estratégia da esquerda e fez uma relação com a eleição dos Estados Unidos, onde o ex-presidente Donald Trump venceu novamente ao conquistar parte do eleitorado trabalhador que tradicionalmente votava no Partido Democrata.

Na opinião dele, a esquerda “se distanciou das pautas do trabalhador comum” quando passou a focar em questões identitárias, como ideologia de gênero, banheiro para pessoas transexuais e “homens que tomam hormônio e vão disputar esportes com mulheres”. “Esse descolamento da sociedade foi identificado como o principal fator para eles terem perdido”, disse.

Para Eduardo, a esquerda tenta retomar apoio do eleitorado ao redirecionar seu discurso, como ocorreu com a candidata derrotada à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, que disse ter trabalhado no McDonald’s, e com a PEC 6×1 no Brasil. “Eles agora querem voltar com as pautas dos trabalhadores ‘old school’”, afirmou o parlamentar.

O deputado disse que a direita também precisa se preparar para fazer outros debates, como questões ambientais e de energia. “Já passamos daquela fase da pancadaria, já sabemos que a gente é contra ideologia de gênero. Agora, o que a gente quer quando a matéria é energia, quanto o tema é carbono, e se vier um tema que seja uma guerra internacional?”

À imprensa, ele explicou que pretende usar seu novo cargo para elaborar cartilha sobre o posicionamento de direita sobre temas relacionados à economia, produzir documentários com a “visão conservadora dos acontecimentos” e abrir escritório do PL em Miami.

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