Os conservadores garantiram 368 cadeiras no Parlamento contra 191 do Partido Trabalhista, segundo pesquisa de boca de urna divulgada às 22h desta quinta-feira (19h, no horário do Brasil) pelas emissoras de TV britânicas.
Se confirmada, a previsão significa que o primeiro-ministro Boris Johnson continuará à frente do governo e aprovará o divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia até 31 de janeiro, como prometeu.
Os resultados das eleições serão divulgados ao longo da madrugada, e a previsão é que até as 6h de sexta (3h no Brasil) sejam conhecidos os resultados dos 650 distritos.
A informação mais importante, porém, é se Boris assegurou uma maioria segura de cadeiras. Se confirmado, o resultado da pesquisa de boca de urna divulgada pelas emissoras britânicas será catastrófico para o Partido Trabalhista, liderado por Jeremy Corbyn.
Segundo as pesquisas, com apenas 191 eleitos, o partido perderá 71 assentos no Parlamento e ficará com a menor bancada desde quando conquistou apenas 154 cadeiras em 1935.
O número está sendo interpretado como resultado da forte rejeição do eleitorado britânico a Corbyn, da ala mais radical do partido e defensor de um ideário socialista.
Apesar da derrota, não é certo que ele renuncie como líder trabalhista, segundo analistas. Pesquisas recentes mostram que a maioria dos membros do partido é hoje “corbynista”.
Foi uma mudança nas regras internas que permitiu o voto de todos os filiados que levou Corbyn ao poder, contra políticos mais centristas.
Em entrevista à BBC após a divulgação da boca de urna, John McDonnell, secretário de finanças do governo paralelo trabalhista, afirmou que o resultado, se confirmado, deve ser atribuído ao brexit e não a Corbyn.
“O partido tomará as decisões apropriadas depois que os resultados oficiais forem anunciados”, afirmou.
Embora a boca de urna tenha feito boas previsões em eleições anteriores, analistas recomendavam cautela, principalmente a operadores do mercado financeiro —os resultados da eleição influenciam os preços de ações e da moeda britânica.
David Firth, estatístico da Universidade Warwick, e John Curtice, da Strathclyde, responsáveis pela metodologia das pesquisas, afirmam que o modelo se baseia em tendências que podem não se repetir desta vez.
Não apenas a situação econômica e política mudou em relação aos últimos anos, mas esta foi uma eleição atípica também em relação aos temas e aos candidatos.
Boris, o líder dos conservadores, e Corbyn, dos trabalhistas, têm alguns dos menores índices de aprovação da história britânica, e na prática essa eleição acabou se transformando em uma espécie de novo referendo sobre o brexit.
Os conservadores se apresentaram como a única solução para resolver de uma vez a saída do Reino Unido, e os principais opositores se colocaram contra a separação ou a favor de um novo referendo público.
Essa captura do debate eleitoral pelo brexit fez crescer os apelos pelo voto útil e levou partidos a desistir da disputa em favor de aliados em alguns distritos, o que pode também afetar os resultados.
Quase invisível nas ruas de Londres, a campanha seguiu intensa até a última hora por meios menos públicos.
Nas seções eleitorais, representantes dos partidos conferiam a lista de quem havia comparecido e convocavam por telefone conhecidos que ainda não haviam votado.
A batalha foi intensa nas mídias sociais. A estimativa é que os dois principais partidos tenham gasto 2 milhões de libras (cerca de R$ 11 milhões) em anúncios no Facebook e no Instagram desde o final de novembro.
De terça-feira até a manhã desta quinta, a propaganda dos trabalhistas havia sido vista 4,9 milhões de vezes, contra 2,7 milhões dos anúncios conservadores, segundo dados das redes sociais. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.