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Braga Netto contrata advogado de José Dirceu no Mensalão

Braga Netto foi preso preventivamente por tentar obstruir a investigação sobre o suposto plano de golpe. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O general Walter Braga Netto, preso no âmbito do “inquérito do golpe”, contratou um novo advogado para cuidar de sua defesa. O criminalista José Luís Oliveira Lima assume o caso em um momento decisivo da investigação, às vésperas de uma possível denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Um dos criminalistas mais prestigiados do País, com trânsito nos tribunais superiores, José Luís Oliveira Lima trabalhou em casos de grande repercussão. Ele defendeu nomes como o ex-ministro José Dirceu (PT), o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães e o humorista Marcius Melhem. O criminalista responsável pela defesa do ex-ministro de Lula durante o julgamento do Mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).

Braga Netto foi preso preventivamente por tentar obstruir a investigação sobre o suposto plano de golpe. Segundo a PF, ele tentou conseguir informações sigilosas sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid para repassar a outros investigados e também alinhou versões com aliados.

A prisão do general é considerada pelos investigadores a mais importante até o momento. Braga Netto fez parte do primeiro escalão do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi ministro da Casa Civil e da Defesa e, em 2022, foi candidato a vice na chapa do ex-presidente.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pretende apresentar denúncia no caso nos primeiros meses de 2025. Uma eventual delação de Braga Netto teria mais chances de prosperar antes de uma acusação formal da PGR.

A prisão de Braga Netto gerou inquietação entre oficiais da cúpula das Forças Armadas, preocupados com o momento político que atinge a caserna. O Superior Tribunal Militar (STM) deve julgar em breve os oficiais envolvidos no plano de golpe, inclusive generais. Cabe à Justiça Militar decidir sobre a cassação de suas patentes e também julgar crimes militares que podem ter sido cometidos em conjunto com os crimes comuns, cuja atribuição para julgamento é do Supremo.

Na decisão que determinou a prisão, o ministro Alexandre de Moraes argumentou que os desdobramentos da investigação revelaram “verdadeiro papel de liderança, organização e financiamento” de Braga Netto nos planos golpistas.

A liderança do general no planejamento de um golpe de Estado surgiu já na operação Tempo da Verdade, deflagrada em fevereiro de 2024. As perícias iniciais nos materiais apreendidos revelaram um documento com mensagem encaminhada do celular do ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, para o então ministro da Casa Civil, no início de novembro de 2022.

A mensagem, segundo a PF, seria uma minuta “aparentemente assinada por representante de partido político”. Contudo, foi encaminhada com o título “bolsonaro min defesa 06.11-semifinal.docx” para Braga Netto.

 

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