O governo brasileiro avalia que duas questões são prioritárias no encontro entre os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, marcado para quinta-feira (14) nas ilhas caribenhas de São Vicente e Granadinas.
Uma é o estabelecimento de linha direta entre Caracas e Georgetown para discutir pontos sensíveis envolvendo o território de Essequibo.
Outra é a manutenção do contencioso no plano regional, em um mecanismo como a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), sem a presença direta de atores externos – como Estados Unidos, Rússia e China – nas negociações. São Vicente e Granadinas preside temporariamente a Celac.
O Brasil deverá ser representado pelo chefe da assessoria especial da Presidência da República, Celso Amorim. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Maduro conversaram, no sábado (09), por telefone.
Para auxiliares de Lula, ainda que as provocações feitas por Maduro dificilmente resultem em uma guerra, essa escalada de tensões gera episódios que podem sair do controle de ambos os países – como hostilidades em zona de fronteira ou na plataforma continental (em mar aberto).
No Palácio do Planalto, o estabelecimento e a manutenção do diálogo entre os dois presidentes é algo tido como fundamental na busca por uma solução pacífica.
Um assessor presidencial apontou, reservadamente, a situação da Ucrânia e da Rússia como exemplo para enfatizar a necessidade de linha direta entre os dois chefes de Estado. No caso de Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, disse esse assessor, a falta de comunicação possível torna uma saída muito mais complicada.
Outra prioridade do governo brasileiro é manter o contencioso sob a esfera de mecanismos regionais, preferencialmente a Celac, evitando também a OEA (Organização dos Estados Americanos) – que têm Estados Unidos e Canadá como países-membros.
Para auxiliares do presidente, atores de fora da região têm menos compromisso com a paz entre Venezuela e Guiana. A avaliação da diplomacia brasileira é que eles podem usar a tensão sul-americana como demonstração de força e de influência prejudicial ao diálogo.