Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2022
Daqui para frente, a alta dos alimentos, conforme analistas de mercado, tende a ser menor do que a dos combustíveis.
Foto: ReproduçãoA forte queda da inflação nos últimos três meses, quando o Brasil teve o maior recuo de preços – ou seja, deflação – já registrado nas estatísticas, aliviou mais o bolso das famílias de classe média do que o dos brasileiros mais pobres. Enquanto a deflação nas camadas de renda média superou 1,5% entre julho e setembro, a queda nos preços dos produtos consumidos pelas famílias de renda considerada muito baixa – que recebem menos de R$ 1,73 mil por mês – foi de menos da metade: 0,67%.
No terceiro trimestre, o índice oficial de inflação (IPCA) mostrou deflação de 1,33%, derrubando para 7,17% a inflação em 12 meses, que estava em dois dígitos (11,89% até junho). A descompressão veio, principalmente, da queda nos preços de combustíveis, após o governo conseguir aprovar no Congresso um limite ao ICMS.
A partir da medida, e com os repasses de recuos do petróleo no mercado internacional, a gasolina, que também conta com a zeragem de tributos federais, ficou 35% mais barata. Como o produto é mais consumido pela classe média do que pelas famílias de baixa renda, a intensidade da deflação foi menor para os que ganham menos.
O alívio em gastos com transportes, assim como energia e telecomunicação – também desonerados –, foi, em grande parte, anulado na baixa renda por produtos e serviços que, embora em desaceleração, ainda sobem. É o caso dos alimentos consumidos em domicílio, que ocupam grande espaço no orçamento dos mais pobres e tiveram alta de 0,62% no trimestre.
O preço dos alimentos segue preocupando. “Nossas coletas indicam que o movimento se reverteu e, em outubro, os preços da alimentação em domicílio voltam a subir 0,7%. Produtos como batata e tomate estão subindo muito no atacado”, diz João Savignon, economista da Kínitro Capital.
Alimentos
Daqui para frente, a alta dos alimentos, conforme analistas de mercado, tende a ser menor do que a dos combustíveis, já que a defasagem da gasolina frente ao exterior leva a uma necessidade de correção estimada em algo entre 5% e 10%.
A expectativa no mercado é de que os reajustes represados nas refinarias da Petrobras sejam anunciados após as eleições. Já do lado dos alimentos, condições climáticas e preços de insumos agrícolas, as duas variáveis que catapultaram os preços neste ano, devem se tornar mais favoráveis aos produtores agrícolas.
Apesar disso, com a expansão dos programas sociais, é possível que o alívio no orçamento dos mais pobres seja contido pelo efeito demanda, tanto nas proteínas que não vinham sendo consumidas por falta de dinheiro, como a carne bovina, quanto em outras categorias de produtos, como vestuário. No conjunto, a inflação de roupas, calçados e acessórios continuou em aceleração – saindo de 16,61%, em junho, para 19,16% em 12 meses até setembro –, apesar da desinflação abrupta dos últimos três meses.