O Brasil e a Argentina firmaram na tarde dessa segunda-feira (18) o compromisso para ampliação das importações de gás advindas da região de Vaca Muerta. O acordo foi assinado pelo ministro brasileiro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Luis Caputo, ministro da Economia do país vizinho. Para a assinatura do documento, eles se reuniram no Museu de Arte Moderna (MAM), paralelamente ao primeiro encontro dos chefes de Estado do G20.
De acordo com fontes ouvidas, Caputo reconheceu a importância da parceria econômica entre os dois países. Já Silveira destacou que o acordo é fundamental para evitar monopólios no gás e para diminuir o preço da matéria prima para impulsionar a indústria brasileira.
Após a assinatura, em conversa com jornalistas, Silveira afirmou que o acordo para a ampliação da importação de gás natural da Argentina permitirá uma ampliação de oferta no Brasil de 3 milhões de metros cúbicos por dia até o fim deste ano.
Essa ampliação inicial será possível usando a infraestrutura de gasodutos já existente, explicou o ministro brasileiro. A principal adaptação necessária seria a “reversão” do Gasbol, o gasoduto entre Bolívia e Brasil.
A expectativa, no longo prazo, é por uma ampliação de 30 milhões de metros cúbicos por dia. Para isso, no entanto, será preciso ampliar a rede de gasodutos ligando os dois países. Silveira demonstrou otimismo em relação aos investimentos saírem do papel, mas evitou comentar valores necessários para construir a infraestrutura.
“É inevitável que haja viabilidade, é imprescindível que ela aconteça, porque há uma necessidade do Brasil de ampliar a produção de gás”, afirmou o ministro, ressaltando que “a viabilidade está no Brasil”. “Nós somos os demandantes. A viabilidade econômica pode ser nossa. Todos sabemos a situação em que a Argentina se encontra. No caso, estamos discutindo um gasoduto de transporte, que é viabilizado pelo demandante. Como temos muita demanda, o Brasil vai viabilizar, é necessário que viabilize os investimentos.”
Entenda os pontos previstos no acordo: O objetivo é abrir rotas alternativas para trazer ao país o gás argentino de Vaca Muerta, megacampo hoje subaproveitado na Argentina.
A expectativa do governo brasileiro é que, já no início do ano que vem, o acordo viabilize a importação de 2 milhões de metros cúbicos por dia de gás argentino. Mas esse montante cresceria para 10 milhões de m³/dia nos próximos três anos e, até 2030, chegaria a 30 milhões de m³/dia.
O mercado brasileiro consome atualmente de 70 milhões a 100 milhões de metros cúbicos por dia.
“Nós queremos aumentar a oferta de gás no Brasil e consequentemente diminuir o preço. Isso porque, nós precisamos, além de tratar o gás como uma energia de transição, aumentar o volume para diminuir o preço e reindustrializar o Brasil”, disse Silveira. As informações são do jornal O Globo.