Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de janeiro de 2025
Conforme levantamento, 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno
Foto: ReproduçãoEm 2019, o Brasil foi enquadrado como o país com o maior número de pessoas ansiosas do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Conforme levantamento, 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) conviviam com o transtorno quando os dados foram analisados.
Embora o estudo da Planisa não tenha avaliado a idade dos pacientes, dados indicam que os jovens são os mais afetados. Números do Ministério da Saúde mostraram que a quantidade de internações relacionadas a estresse e ansiedade em adolescentes e jovens – de 13 a 29 anos – aumentou 136% entre 2013 e 2023.
Já no relatório global World Mental Health Day 2024, divulgado no ano passado, o Brasil ocupa o quarto lugar na lista de países com maior nível de estresse. Dos 1,5 mil brasileiros entrevistados, apenas 26% relataram não ter sofrido nenhum pico de estresse que atrapalhasse o seu dia ao longo de um ano.
Para Fabio Molina, psiquiatra do Hospital Regional de Presidente Prudente e da Saúde Digital, as estatísticas brasileiras podem ser relacionadas a vários fatores da vida moderna, como sedentarismo, alimentação rica em açúcar e gordura, uso excessivo de redes sociais, abuso de substâncias e diminuição dos laços sociais.
Os médicos apontam que a saúde mental precisa receber mais atenção no País, com ampliação dos leitos psiquiátricos e de serviços ambulatoriais eficientes para tratar o distúrbio de forma precoce.
O TAG é um distúrbio caracterizado pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses, no mínimo, e vem acompanhado por três ou mais sintomas.
Ele é diferente da ansiedade pontual, uma reação natural do ser humano. Por exemplo, ao se preparar para uma entrevista de emprego, uma pessoa sem TAG pode sentir palpitações, suar frio e até se fazer questionamentos sobre o seu desempenho. Isso é se sentir ansioso. Também difere da crise de ansiedade, que impede o indivíduo de pensar e agir claramente, devido ao pico de descargas químicas no cérebro.
O transtorno se manifesta de forma contínua, impactando a vida com quadros constantes de inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. As internações por transtorno de ansiedade generalizada (TAG) custaram R$ 5,7 milhões aos hospitais públicos e privados do Brasil nos últimos três anos, segundo dados da Planisa, empresa de gestão de gastos hospitalares.
O levantamento, realizado em conjunto com a plataforma DRG Brasil, analisou dados de mais de 440 hospitais públicos e privados do País, entre 2022 e novembro de 2024. Nesse período, foram registradas 2.202 internações por TAG.
Já o cálculo de custos foi feito com base no valor médio de uma diária de internação nos hospitais consultados (cerca de R$ 964). O valor considera o uso do leito, material e medicamentos consumidos e os honorários médicos.
Ainda segundo o estudo, a taxa de internações aumentou cerca de um ponto desde o período inicial de análise. Em 2022, a média era de 3,4 internações por TAG para cada 100 mil habitantes, enquanto em 2024 a estimativa era de 4,6. (Estadão Conteúdo)