Sábado, 04 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de janeiro de 2025
Esse foi o maior enxugamento no número de partidos do País desde a redemocratização
Foto: DivulgaçãoO Brasil elegeu em 2024 o menor número de partidos em 16 anos: os quase 63 mil vereadores e prefeitos eleitos em outubro para o mandato 2025–2028 pertencem a 25 partidos, quatro a menos que os 29 de 2020 e oito a menos que o recorde de 33 registrado em 2016. Os números são do portal de notícias g1.
O levantamento considerou os dados publicados e atualizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 30 de dezembro de 2024. A redução é explicada pelo desaparecimento de seis partidos nos últimos quatro anos:
– O DEM e o PSL se fundiram para formar o União Brasil; o Patriota e o PTB, o PRD.
– O Pros foi incorporado ao Solidariedade, e o PSC, ao Podemos.
Esse foi o maior enxugamento no número de partidos do País desde a redemocratização em 1985 e é resultado de mudanças nas regras eleitorais que têm por objetivo justamente reduzir o número de legendas no cenário político.
Essas reformas já haviam tido impacto em 2020, quando o número de partidos com candidatos eleitos caiu para 29, ante os 33 de 2016. Nesse intervalo, ocorreu o segundo maior enxugamento da história, com a extinção de três partidos (o PRP foi incorporado ao Patriota; o PPL, ao PCdoB; e o PHS, ao Podemos).
Fernando Meireles, professor adjunto de Ciência Política do IESP-UERJ, afirma que o fim das coligações partidárias para as eleições proporcionais — em vigor desde 2020 —, junto a outras reformas políticas, é um dos principais fatores por trás do cenário político cada vez mais enxuto no Brasil. As coligações partidárias permitem que os partidos se unam durante o período eleitoral para concorrer aos cargos em disputa. Até 2020, as coligações partidárias eram permitidas também para os cargos proporcionais (vereadores e deputados). Isso fazia com que votos dados a um partido ajudassem a eleger candidatos de outros partidos.
O fim dessas coligações impede que partidos menores se unam a legendas maiores para se manterem no cenário eleitoral.
“No início, a mudança foi tolerável para algumas legendas, mas agora está se tornando insuportável. Quem não se adaptou à mudança e não fez boas escolhas está ficando para trás e vendo seus adversários ganharem mais força”, afirma Meireles.
E unir-se a outras legendas não foi suficiente para garantir um melhor desempenho em 2024. Os dois partidos que surgiram de fusões — União Brasil (-1%) e PRD (-57%) — elegeram menos candidatos que a soma dos eleitos em 2020 pelas legendas que os formaram. O mesmo aconteceu com Solidariedade (-742%) e Podemos (-25%), que incorporaram, respectivamente, o Pros e o PSC.
Conforme Meireles, isso ocorre porque as fusões envolveram partidos já pequenos, resultando em pouco ou nenhum ganho político expressivo após a mudança. Outros partidos também tiveram redução no número de eleitos em 2024. A queda mais expressiva foi a do Cidadania (-73%), que se uniu ao PSDB em uma federação (que permite que dois ou mais partidos atuem como se fossem um só por, no mínimo, quatro anos). O PSDB também apresentou queda (-34%). O PCdoB (-51%) e o PV (-42%), que se federaram com o PT, também tiveram redução no número de eleitos.