Sábado, 08 de março de 2025
Por Redação O Sul | 27 de janeiro de 2025
No levantamento de 2024, o País ficou na 14ª colocação, com 3% das menções.
Foto: ReproduçãoPelo segundo ano consecutivo, a economia brasileira não foi citada pelos CEOs do mundo como um dos dez principais destinos para investimentos. O País apareceu na 13ª colocação e recebeu 4% das menções dos executivos, revelou a 28ª edição da Global CEO Survey, conduzida pela PwC.
Embora o Brasil tenha voltado a colher um resultado frustrante, houve uma ligeira melhora em relação ao desempenho do País no ano passado. No levantamento de 2024, o País ficou na 14ª colocação, com 3% das menções.
A pesquisa foi divulgada durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Ao todo, foram entrevistados cerca de 4,7 mil CEOs em mais de 100 países – e os executivos brasileiros foram o grupo com o segundo maior número de respondentes.
“Se levantar os dados de investimento direto internacional, o Brasil, provavelmente, vai, de novo, ter um recorde (em 2024). Parece uma contradição? Talvez, não. O nearshoring, a realocação das cadeias e o protecionismo que a gente vê acontecendo, em função das questões das geopolíticas, têm levado os CEOs a redistribuir mais os seus investimentos e a fazer muitas coisas no seu próprio território”, diz Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil.
O nearshoring consiste na estratégia das empresas de aproximar as suas linhas de produção do mercado consumidor. O México, por exemplo, tem se beneficiado pela fronteira com os Estados Unidos.
As economias citadas pelos CEOs como as mais importantes para os negócios nos próximos 12 meses são a dos Estados Unidos (30%), do Reino Unido (14%) e a da Alemanha (12%). No quarto posto aparece a China. O gigante asiático angariou 9% das menções, bem abaixo do observado em 2024, quando ficou na segunda posição, com 21%.
Para os CEOs brasileiros, os mercados mais importantes são: Estados Unidos (36%), México (20%) e Argentina (20%).
Apesar de um cenário internacional repleto de tensões geopolíticas, os CEOs ouvidos pela PwC estão otimistas com o desempenho da economia global. De acordo com o levantamento, 58% dos executivos esperam uma aceleração do crescimento econômico mundial nos próximos 12 meses. Apenas 20% veem uma desaceleração. É um resultado bem melhor do que o da pesquisa anterior. Em 2024, 38% projetavam uma aceleração do crescimento.
“Há um otimismo maior este ano e, talvez, lá fora ele seja completamente justificável, porque a inflação está contida, a taxa de juros está reduzindo. Há oportunidades acontecendo para esse investimento”, diz Castro.
Otimismo local
No Brasil, o dado também é positivo. O estudo mostra que 73% dos executivos brasileiros acreditam numa aceleração do crescimento local. No bloco das nações do G20, o País é o terceiro mais otimista. Fica atrás apenas da Argentina (91%) e da Índia (87%). “O CEO brasileiro costuma ser mais otimista do que a média em geral”, ressalta Castro.
A pesquisa da PwC foi realizada entre novembro e dezembro de 2024, quando as empresas começam a planejar o ano seguinte. Portanto, pode não ter absorvido a piora que houve no humor com relação à economia brasileira desde que o governo apresentou o pacote de contenção de gastos e a proposta de isenção de cobrança de Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil.
Logo depois do anúncio das medidas, o dólar ultrapassou o patamar de R$ 6 e os juros dispararam – num claro sinal de desconfiança do investidor. “Os investimentos também tendem a ter um olhar de médio e longo prazo. E é inegável que o Brasil tem potencial, ainda mais nessa onda limpa de energia. Tem uma matriz que é favorável a isso. É um ano de COP ( Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática). Seguramente vai se falar disso, e o Brasil vai ganhar visibilidade mais positiva em relação a esse tema”, diz Castro. “Existem fatos concretos mostrando que o País tem uma produção sólida. É o segundo ano que a gente consegue ter uma performance do PIB superior ao potencial do País. De novo, eu acho que a gente caminha para um modelo parecido. Acho que o crescimento (econômico) de 2025 pode surpreender.”
(Estadão Conteúdo)