Os imóveis novos estão mais caros. A crise inflacionária que ainda impacta o mercado global respingou na construção civil. Em junho, o Índice Nacional de Custo da Construção, o medidor da inflação no setor, monitorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), apontou um aumento de 2,81% em junho, acumulando alta de 7,20% desde o início de 2022 e de 11,75% nos últimos 12 meses.
Com base nos dados, é perceptível que o setor é um dos que enfrentam um período de inchaço dos preços. Desta forma, existem motivos para explicar isso.
O principal responsável é o custo da mão de obra, que sofreu uma elevação de 4,37% só no mês de junho. Uma realidade que apresenta a possibilidade de desmotivar aqueles que pretendem comprar um imóvel novo.
“É um cenário que preocupa? Sim, mas ao mesmo tempo sugere que é um problema que pode ser superado. Tanto que, só no mês de junho, foram criadas 35 mil novas vagas na construção civil em todo o País”, pondera Adson Almeida, Gerente Comercial da Projelet, escritório de engenharia focada no desenvolvimento de soluções. O número tem como base o Cadastro Geral de Empregados e desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.
O problema é que há outros aspectos atuando contra o setor. Os preços dos materiais, equipamentos e serviços, ainda de acordo com o Caged, tiveram um reajuste mais brando, de 1,40% em junho. Adson Almeida lembra que a curva de valorização dos insumos ocorre quase que concomitantemente ao início da pandemia, em março de 2020. “Desde então, a construção civil manteve-se numa gangorra constante, na qual os preços se elevavam, mas o crédito imobiliário oferecia condições atraentes para os consumidores”, lembra.
Muito disto tem relação direta com o posicionamento do produto e também da construtora. Daniel Guimarães, CEO da 2DA Estratégia, Negócio e Território – empresa especializada em estratégias de posicionamento de produtos e marca no mercado imobiliário –, explica que apesar da alta de preços os clientes estão mais cientes do momento e com senso de urgência para decidir pela compra da casa própria.
Em um ano, a Taxa Selic saltou de 4,25% para 13,25%. Isto significa que o acesso ao crédito está mais caro, diminuindo a procura por financiamentos de imóveis. É uma forma de combate à inflação que ocorre pelo recuo do consumo. E a compra de imóveis e de bens duráveis entram nessa lista.
Por isso, a FGV projeta um desempenho bastante discreto da construção civil no decorrer de 2022 em relação a 2021. Por outro lado, o Índice de Confiança da Construção, também medido pela Fundação, foi elevado em 1,2 ponto em junho, alcançando os 97,5 pontos. Reflexo de investimentos feitos no segmento.