A médica oncologista e imunologista, Nise Yamaguchi, cotada para assumir a pasta da Saúde, defende uso da hidroxicloroquina em casos leves de coronavírus. Ela falou sobre o protocolo de adoção da substância, apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro, que levou o ex-ministro Nelson Teich a pedir demissão do cargo.
Yamaguchi atualmente assessora o comitê de crise do governo contra o coronavírus. E no mesmo dia em que o ex-ministro Nelson Teich se reuniu com Bolsonaro para comunicar sua saída, a médica também tinha uma reunião agendada com o presidente.
O encontro se deu em um almoço, após Teich ter pedido para deixar o cargo. “Até então eu não sabia que o ex-ministro tinha pedido a demissão, apesar de tê-lo encontrado rapidamente na ante sala”, afirma Nise.
Sobre a curta gestão, de penas 29 dias de Teich, ela diz que o ex-ministro deixou de herança para o seu substituto no Ministério da Saúde a sugestão de um modelo de plano de gestão. E comentou outros pontos positivos de seu período.
“Me parece que ele trabalhou bastante com o general Eduardo Pazuello na organização, na detecção da transparência das compras e dos gastos. Existe a Advocacia Geral da União, o Tribunal de Compras da União está, hoje, dentro do Ministério da Saúde. Isso é absolutamente necessário num momento de tantas epidemias. Até epidemia de outros problemas que a gente não deveria ter no momento, que são sociais, que são as formas como as pessoas lidam com as oportunidades de negócios. Eu acho que essa é uma grande herança desse momento tão dramático que a gente vive em que a moral e a ética são essenciais”, diz.
Ela também defendeu Nelson Teich em sua fala crítica sobre a sensação do Brasil estar navegando às cegas, dizendo na interpretação dela, ele se referia à baixa taxa de testagem.
“Eu entendi que faltavam testes para dizer quanto da população já havia sido contaminada. Não é o que ele não sabia o que fazer”. E afirmou que o ex-ministro estava começando a pensar em estruturar centros de diagnósticos mais precoces, algo que ela defende veementemente.
“O que eu sinto nesse momento é que essa questão da Covid-19 ficou central não só no Ministério da Saúde, mas na interligação com a Casa Civil, com o Ministério da Infraestrutura, da Economia, da Ciência e Tecnologia, dos Direitos Humanos. Não é uma coisa que possa ser abordada de forma isolada. Tem que trabalhar com o Congresso Nacional. Eu acredito que essa é a essência de toda uma logística relacionada à forma como a Covid-19 deva ser dinamizada e enfrentada”, afirma.
A médica chegou a afirmar que se uma mudança de postura na forma como estão enfrentando a doença no Brasil for tomada, o Brasil não será um epicentro, e sim um exemplo. “Eu tenho a certeza que estas normas podem ser incorporadas rapidamente a um modelo de atuação que seja ágil, concreto e eficiente”.