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Brasil parece crescer acima do potencial e inflação preocupa, diz o presidente do Banco Central

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, indicou que o “quadro todo” da inflação no país preocupa a instituição. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse em um evento nessa terça-feira (24) que o Brasil “parece” crescer acima do seu PIB (Produto Interno Bruto) potencial – que indica a capacidade de um país em expandir sua economia sem impactar a inflação. “Quando a gente olha o hiato, parece que o Brasil está crescendo acimado do potencial na margem”, disse durante o Brazil Conference 2024, em São Paulo.

Em sua participação, a Campos Neto indicou que o “quadro todo” da inflação no país preocupa o BC, com o crescimento da economia acima do esperado e a “mão-de-obra” apertada. Enquanto as expectativas de avanço do PIB para 2024 chegam a casa de 3%, o desemprego segue caindo.

Apesar de mencionar preocupação com o avanço da economia acima do PIB potencial, o presidente do BC indicou que o último dado divulgado pelo IBGE, relativo ao segundo trimestre, mostrou um crescimento de “melhor qualidade”, com alta da formação bruta de capital fixo.

Sobre o impacto da baixa taxa de desemprego sobre os preços, a autoridade disse que “ainda não há certeza sobre esta influência”, mas que “há indício de que este é um fator que restritivo”.

Ainda sobre inflação, o presidente do BC destacou preocupação do Banco com a seca que atinge o Brasil, com impactos aos preços de alimentos e energia. Mapeamentos mostram que a condição atinge regiões produtivas do agro.

Mercado

Em outra frente, a previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira neste ano subiu de 2,96% para 3%. A estimativa está no Boletim Focus de segunda-feira (23), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a projeção para os principais indicadores econômicos.

A revisão para cima ocorre após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB – a soma dos bens e serviços produzidos no país) do segundo trimestre do ano, que surpreendeu e subiu 1,4% em comparação ao primeiro trimestre. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação com o segundo trimestre de 2023, a alta foi de 3,3%.

Para 2025, a expectativa para o PIB permaneceu em 1,9. Para 2026 e 2027, o mercado financeiro também projeta expansão do PIB em 2%, para os dois anos.

Em 2023, também superando as projeções, a economia brasileira cresceu 2,9%, com um valor total de R$ 10,9 trilhões, de acordo com o IBGE. Em 2022, a taxa de crescimento havia sido 3%.

A previsão de cotação do dólar está em R$ 5,40 para o fim deste ano. No fim de 2025, a previsão é que a moeda norte-americana fique em R$ 5,35.

Inflação

Nesta edição do Focus, a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerada a inflação oficial do país – em 2024 passou de 4,35% para 4,37%. Para 2025, a projeção da inflação ficou em 3,97%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,62% e 3,5%, respectivamente.

A estimativa para 2024 está acima da meta de inflação, mas ainda dentro de tolerância, que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.

A partir de 2025, entrará em vigor o sistema de meta contínua e, assim, o CMN não precisa mais definir uma meta de inflação a cada ano. O colegiado fixou o centro da meta contínua em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Em agosto, puxado principalmente pelas quedas de preços em alimentos e despesas com habitação, houve deflação de 0,02% no país, após o IPCA ter registrado inflação de 0,38% em julho. De acordo com o IBGE, em 12 meses, o IPCA acumula 4,24%. As informações são da CNN e da Agência Brasil.

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