Terça-feira, 15 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 2 de fevereiro de 2022
No Brasil, o pâncreas artificial foi aprovado pela Anvisa e custa R$ 24 mil.
Foto: ReproduçãoUma moradora de Curitiba (PR) foi a primeira brasileira a receber um aparelho que funciona como um pâncreas artificial para o controle do diabetes. O procedimento foi realizado na segunda-feira (31). O pâncreas artificial fica ligado a um sensor que mede a glicemia. A informação é passada via bluetooth para o aparelho, que tem um reservatório para a insulina.
O aparelho, então, libera o hormônio por um cateter até um dispositivo que fica embaixo da pele. A partir disso, esse dispositivo aplica a insulina automaticamente na dose certa. A longo prazo, esse controle ajuda muito no tratamento da doença, conforme os especialistas.
Todas as informações, como quantidade de insulina aplicada e se o hormônio está dentro do nível estabelecido pelos médicos, podem ser monitoradas por um aplicativo de celular. Os dados, inclusive, podem ser compartilhados em tempo real com os médicos e também com os familiares. No Brasil, o pâncreas artificial foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e custa R$ 24 mil.
A Associação Diabetes Brasil diz que vai pedir ao Ministério da Saúde que avalie a possibilidade de fornecer o aparelho de graça por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).
“É um sonho que a gente consiga um dia no SUS ter toda tecnologia disponível para todos”, diz Lucas Galastri, presidente da associação.
Estudo
Um estudo publicado na revista científica New England Journal of Medicine trouxe à tona um aplicativo chamado CamAPS FX, que, combinado com um monitor de glicose e uma bomba de insulina, atua como um pâncreas artificial. A invenção usa um algoritmo para determinar a quantidade de insulina administrada.
Os cientistas de Cambridge atestaram que a utilização do aplicativo é segura e eficaz no gerenciamento dos níveis de açúcar no sangue, e descreveram como a tarefa de controlar o diabetes tipo 1 em crianças muito pequenas é realmente árdua, por conta alta variabilidade nos níveis de insulina e pela resposta aos tratamentos disponíveis.
O CamAPS FX ajusta automaticamente a quantidade de insulina que fornece, com base nos níveis de glicose previstos ou em tempo real. Na prática, o tutor da criança deve administrar insulina na hora das refeições, mas em todos os outros momentos o algoritmo funciona sozinho.
O aplicativo aprende quanta insulina a criança precisa por dia e como isso muda em diferentes momentos do dia, e usa isso para ajustar os níveis de insulina, ajudando a atingir os níveis ideais de açúcar no sangue. Para testar sua eficácia, a equipe recrutou 74 crianças com diabetes tipo 1, com idades entre um e sete anos. Todas usaram o CamAPS FX por 16 semanas e, em seguida, passaram 16 semanas apenas com o monitoramento manual.
Segundo esse estudo, as crianças passaram 71,6% do tempo com os níveis de glicose controlados, o que representou quase nove 9% a mais em comparação com o monitoramento manual. Por enquanto, o CamAPS FX está disponível apenas no Reino Unido. A equipe espera disponibilizá-lo de forma mais ampla, mas ainda não há uma previsão de quando chega a outros países.