Domingo, 05 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de janeiro de 2025
O ano de 2024 foi oficialmente o mais quente já registrado no Brasil, de acordo com um boletim do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O recorde anterior, na série histórica iniciada em 1961, havia sido estabelecido em 2023.
A temperatura média do país em 2024 foi de 25,02°C, valor que supera em 0,79°C a média histórica registrada entre 1991 e 2020, que é de 24,23°C. O ano de 2023, por sua vez, já havia sido 0,69°C mais quente do que esse patamar. As cinco maiores médias anuais de temperatura no Brasil foram registradas entre 2016 e 2024, refletindo uma tendência crescente.
O Inmet destaca que todos esses anos de recordes de temperatura estiveram “sob a influência do fenômeno El Niño”, com intensidade variando de forte a muito forte, especialmente durante 2023 e os primeiros meses de 2024. Esse fenômeno climático, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico, tem sido um dos principais responsáveis pelas elevações de temperatura.
De acordo com a análise do Inmet, ao observar os desvios de temperatura média anual desde 1961 até 2024, foi possível identificar uma tendência de aumento estatisticamente significativo das temperaturas ao longo das décadas. Este aumento parece estar relacionado à mudança climática, possivelmente impulsionada pelo aumento das temperaturas globais e pelas transformações ambientais locais, como o desmatamento e a urbanização.
Além disso, o Brasil tem enfrentado um aumento alarmante no número de desastres climáticos, fenômeno que se intensificou desde 2020. Especialistas têm apontado que, entre 2020 e 2023, o país registrou uma média anual de 4.077 desastres climáticos. Esse número é quase o dobro dos 2.073 desastres registrados anualmente nas duas décadas anteriores (2000-2019). Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e elaborado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica alerta para os impactos cada vez mais frequentes e intensos de fenômenos como secas prolongadas, tempestades violentas e enchentes.
Em uma escala global, o Inmet também observa que a temperatura média da superfície da Terra, até setembro de 2024, estava 1,54°C acima da média histórica de 1850 a 1900, conforme dados provisórios divulgados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em novembro de 2024. Com esse valor, o ano de 2024 tende a superar 2023 como o mais quente já registrado globalmente. Segundo a análise da OMM, nos próximos 16 meses, entre junho de 2023 e setembro de 2024, a temperatura média global provavelmente superará todos os registros anteriores, refletindo uma tendência global de aquecimento crescente que desafia as metas climáticas internacionais.
Este cenário global, aliado aos recordes nacionais e aos desastres ambientais, reforça a urgência de medidas eficazes para mitigar os impactos da mudança climática e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a fim de conter os danos já visíveis no Brasil e em todo o planeta.