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Brasil testa sistema que diferencia humanos de robôs

Por meio da leitura da íris, a tecnologia gera um código de identidade digital (World ID) único para cada pessoa. (Foto: Reprodução)

Criar uma identidade digital pela leitura da íris para diferenciar humanos de robôs criados com inteligência artificial, os “bots”. E, com isso, e evitar golpes. Esta é a proposta da Tools for Humanity. A empresa de tecnologia, presidida pelo executivo-chefe da OpenAI, Sam Altman, lançou seu sistema de “prova de humanidade” na última semana no Brasil.

Inicialmente, a tecnologia estará disponível em dez pontos da cidade de São Paulo, sendo dois deles no Shopping Vila Olímpia e no Shopping Metrô Tatuapé, informou a empresa em coletiva de imprensa na manhã de terça-feira (12). Os parceiros dos outros oito pontos não foram informados pela empresa, que já havia testado seu sistema no ano passado no Brasil, segundo informações do jornal Valor Econômico.

A Tools for Humanity (TfH) desenvolve a tecnologia que sustenta um projeto de código aberto chamado World (ex-Worldcoin), que acompanha uma criptomoeda de mesmo nome. O projeto está disponível em 20 países. Em alguns, como na França e na Alemanha, autoridades expressaram preocupações sobre o sistema, que chegou a ser suspenso em algumas regiões, de acordo com o jornal O Globo.

“Acredito que a importância de entender o que é um humano versus um computador é um problema incrivelmente importante a ser resolvido”, disse o vice-presidente de proteção de dados da TfH, Damien Kieran, ao jornal Valor Econômico.

“Nosso objetivo como projeto é, basicamente, construir a maior rede confiável do mundo, que seja digitalmente inclusiva e que ajude a distinguir humanos e robôs, à medida que a IA se aproxima”, afirma Kieran.

Por meio da leitura da íris, a tecnologia gera um código de identidade digital (World ID) único para cada pessoa. Dados, como o nome da pessoa, por exemplo, não são pedidos e nem armazenados pelo sistema. A ideia é que a “prova de humanidade” seja usada em compras e transações, para reduzir tentativas de golpe incluindo imagens de rostos manipuladas com a ajuda da IA, as “deep fakes”. Quem olhar o código saberá que se trata de um ser humano, mas sem dados específicos dessa pessoa.

“Olhamos para todos os tipos diferentes de biometria e percebemos que o único, pelo menos hoje, que pode ser usado é o da íris”, explicou Kieran. “A íris pode alcançar mais de 2 bilhões de pessoas sem falsos positivos, de forma fácil e com alto nível de segurança”.

Quem submete a íris ocular ao orbe verificador de identidade do projeto World recebe em troca um “airdrop”, ou seja, uma recompensa financeira de aproximadamente 50 tokens WLD a serem entregues em parcelas de novembro deste ano a outubro do ano que vem. Cada token valia no último dia 12 US$ 2,40, de acordo com o site CoinGecko. Assim, a recompensa total seria de aproximadamente US$ 120, ou cerca de R$ 700.

A leitura da íris é feita por um computador esférico chamado Orb, desenvolvido e fabricado pela empresa na Alemanha e que conta com unidades de processamento gráfico (GPUs) da americana Nvidia. “Não posso tirar uma foto em um telefone comum de um olho que pode me permitir obter os dados do olho. Então você precisa de um equipamento muito especial.

Em paralelo, a proposta é licenciar a tecnologia a outros interessados em fabricar as esferas. Entre eles, o governo da Malásia, que assinou um memorando de entendimento com a Tools for Humanity, informou Kieran. Inicialmente, a TfH não vai comercializar as esferas, informou a empresa durante uma coletiva à imprensa.

O retorno financeiro sobre as esferas virá na forma de rendimentos da criptomoeda World, integrada ao projeto de Altman. Cada pessoa cadastrada terá seu código armazenado em um aplicativo móvel, o World App, que também funciona como uma carteira digital da critptomoeda World.

Kieran afasta qualquer referência que um leitor de íris possa trazer a problemas de privacidade como as cenas de perseguição do protagonista do filme de ficção científica “Minority Report”, vivido por Tom Cruise e dirigido por Steven Spielberg. “A privacidade tem sido uma grande parte do meu trabalho e então isso também é parte do que traz significado ao projeto”, disse o executivo, que foi diretor de privacidade da rede social Twitter (atualmente X), de 2018 a novembro de 2022 e também atuou na rede social BeReal. As informações são do jornal Valor Econômico.

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