Uma brasileira natural de Sorocaba (SP) está desaparecida na França desde 3 de maio. Jussara Lopes, que possui deficiência intelectual, vive com a irmã, Sheila Antunes, na comunidade de Champigny-sur-Marne. Sheila, que já comunicou o desaparecimento às autoridades francesas, reclama da falta de empenho para localizar a irmã.
A brasileira conta que procurou a Brigada de Paris que, de acordo com ela, é a maior delegacia policial da cidade. Um boletim de ocorrência foi registrado no dia 4 de maio, 24 horas depois do desaparecimento.
Houve algumas ligações da polícia para saber se Jussara havia aparecido, mas, segundo Sheila, o acompanhamento não passou disso.
“Desde então, não tive mais retorno. E os dias passam e a preocupação aumenta. É com um grupo de pessoas de Paris, do Facebook, pessoas que eu não conheço, mas que conhece o grupo, que estão indo para as ruas, fazendo mutirão, colocando cartazes, olhando, procurando”, diz.
Este é, pelo menos, o segundo caso de desaparecimento de uma brasileira no país nos últimos 20 dias.
Sheila foi enfática ao ser questionada se acredita que falta empenho na busca da irmã por parte da polícia francesa. “Eu me sinto desassistida completamente. Tudo bem que seja uma pessoa que já fez isso algumas vezes e a polícia tem muita coisa para fazer, muito trabalho, muitas pessoas nas ruas, mas, assim, tenho que procurar por mim mesma. Se as pessoas não ajudarem, a gente não encontra”, afirma.
Ela lembra ainda que chegou a pedir apoio da polícia para obter imagens do sistema de segurança da cidade, mas também não obteve sucesso. “Eu pedi, mas a polícia diz que é um acesso muito complicado e que não seria possível e sem mais explicações.”
Segundo Sheila, Jussara já desapareceu pelo menos oito vezes. A falta de notícias deixa a familiar angustiada. “A preocupação aumenta a cada noite que cai. A gente não sabe o que pode acontecer nas ruas.”
“Eu gostaria que ela tivesse uma vida social ativa. Já não há muitos estabelecimentos para pessoas como ela. Tanto aqui como no Brasil, tenho procurado e não tenho encontrado. Ela sendo deficiente, precisa se socializar. E ela gosta muito de contato com crianças, com animais. Ela é muito sociável. E o fato de eu ter que trabalhar o dia inteiro, ela acaba ficando sozinha e entristecendo”, lembra. Outra barreira no país é a questão do idioma: Jussara só fala português.
Itamaraty acompanha o caso
Em nota, o Itamaraty afirmou que o Consulado-Geral do Brasil em Paris tomou ciência do desaparecimento Jussara Lopes por meio da imprensa. “Como nos demais casos de nacionais desaparecidos, o consulado acompanha o caso junto à polícia francesa, a quem cabe a responsabilidade pela realização das buscas na França, e que mantém divisão exclusivamente dedicada a essa atividade”, comenta.
“Paralelamente, o consulado realiza consultas aos hospitais e ao Instituto Médico Legal de Paris, além de prover o apoio jurídico e psicológico eventualmente requisitado pela família.”
Vida no Brasil
Sheila lembra que viveu em Sorocaba até os 25 anos. Ela morava na Vila Jardini, na zona oeste da cidade. Entretanto, decidiu se mudar a França na esperança de uma vida melhor. Há 10 anos, no processo de desinstitucionalização dos pacientes psiquiátricos no Brasil, se viu obrigada a levar a irmã para a França.
A situação ocorreu após a morte da mãe. Sheila conta ainda que tem uma tia que mora em Araçoiaba da Serra, e quem tem primos em várias cidades do Brasil.
Na França, as duas moram em um apartamento. A mudança da irmã, inclusive, culminou no fim do casamento de Sheila. Agora, a brasileira pensa em retornar para o Brasil, assim que a irmã seja localizada.
“Estou disposta a ir embora. Não estou conseguindo mais organizar as coisas. Mesmo sendo complicado e difícil, não quero abandonar ela. Estou lutando contra tudo e contra todos.” As informações são do portal de notícias G1.