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Brasileiras viajam a Miami para dar à luz e garantir cidadania norte-americana para os bebês

Empresária viajou a Miami com um visto de turista na trigésima segunda semana de gravidez. (Foto: Reprodução)

Quando voltou de sua última viagem a Miami (EUA), a empresária paulistana Bianka Zad trouxe mais do que malas cheias. Ela carregava no colo um bebê recém-nascido. Ao dar à luz na Flórida, Bianka quis que seu primeiro filho tivesse a cidadania americana e melhores oportunidades no futuro.

“Mesmo antes de saber que estava grávida, eu já queria fazer o parto lá”, conta a mãe, de 37 anos. A Constituição americana garante a cidadania automática a todas as crianças nascidas no país, inclusive se forem filhas de turistas ou imigrantes ilegais. A empresária viajou a Miami com um visto de turista na trigésima segunda semana de gravidez e se hospedou no apartamento que comprou há quatro anos para passar férias.

Bianka deu à luz em 22 de maio e voltou ao Brasil dois meses depois. Seu filho, Enrico, desembarcou em São Paulo com dois passaportes – o brasileiro e o americano. Para tirar o americano, ela teve de registrar o nascimento em um cartório e levar o filho a um centro do governo. O processo todo, diz Bianka, levou 20 minutos, e o passaporte chegou pelo correio em 20 dias. Ela afirma que não sofreu qualquer constrangimento nem teve de prestar qualquer esclarecimento às autoridades. Conseguir o documento brasileiro exigiu que ela fosse ao consulado e comprovasse sua nacionalidade.

Médico brasileiro Wladimir Lorentz fundou a agência “Ser mamãe em Miami”. (Foto: Reprodução)

“Ser mamãe em Miami.”

Para tirar os planos do papel, a empresária contratou os serviços de uma agência especializada em partos de brasileiras na cidade, a “Ser mamãe em Miami”. O médico brasileiro Wladimir Lorentz, 46, diz que resolveu fundar a agência com um sócio após descobrir serviços semelhantes para turistas russas.

Lorentz, que trabalha como pediatra em Miami há 17 anos, começou a atender turistas brasileiras em setembro e, há duas semanas, lançou um novo site com os serviços. Desde então, ele diz ter sido procurado por quatro brasileiras interessadas. Não há leis que proíbam grávidas de viajar de avião, embora as companhias aéreas costumem exigir atestados médicos de passageiras em estado avançado de gravidez.

Lorentz recomenda que elas consultem um obstetra antes de embarcar e façam a viagem antes de completar sete meses de gestação. Sua agência oferece três pacotes de partos. O natural sai por 9.840 dólares (cerca de 37.800 reais); a cesárea, 11.390 dólares (43.700 reais); e o múltiplo (gêmeos ou mais), 14.730 dólares (56.600 reais).

Todos os planos incluem atendimento pré e pós-natal, até três dias de “internação hospitalar em suíte VIP” e exames básicos para a mãe e o bebê. O diferencial de sua agência, diz Lorentz, é o atendimento em português. Seu sócio, o obstetra Ernesto Cárdenas, nasceu na Colômbia e também compreende a língua.

Para contratar os serviços, o médico diz que a grávida pode viajar com um visto de turista, já que o documento também vale para quem recebe cuidados médicos nos Estados Unidos.

Visto aos pais.

Ter um filho americano não dá aos pais o direito de morar no país, explica a advogada brasileira Juliana Pechincha, que atende em Nova York (EUA). Ela diz que os filhos só podem pleitear que os pais se tornem residentes ao completar 21 anos.

Mesmo assim, milhares de mães estrangeiras têm viajado aos Estados Unidos para dar à luz no país. A prática gerou uma polêmica na campanha à eleição presidencial de 2016. O pré-candidato republicano Donald Trump tem defendido acabar com a concessão automática de cidadania a filhos de estrangeiros.

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